Gustavo de Conti ressalta versatilidade da seleção para levar basquete brasileiro de volta aos Jogos Olímpicos

Paris 2024

Primeiro brasileiro a treinar a equipe em 14 anos se prepara para últimos amistosos antes da Copa do Mundo de Basquete 2023, entre 25 de agosto e 10 de setembro. Em entrevista ao Olympics.com, ele destaca a diversidade de características das maiores estrelas do Brasil.

6 minPor Gustavo Longo
Gustavo de Conti durante treinamento da seleção de basquete do Brasil
(Thierry Gozzer/CBB)

Quando começou no basquete aos 7 anos, Gustavo de Conti imaginava vestir a camisa da seleção brasileira e disputar Mundial e Jogos Olímpicos. De certa forma, ele vai realizar seu sonho nesta temporada. Aos 43, ele é o técnico da seleção masculina que se prepara para a Copa do Mundo da modalidade entre 25 de agosto e 10 de setembro.

O torneio acontecerá em três países: Indonésia, Filipinas e Japão. O Brasil está no Grupo G ao lado da Espanha, atual campeã mundial, República Islâmica do Irã e Costa Marfim. A estreia será contra os iranianos no dia 26, às 6h45 no fuso horário brasileiro. A seleção precisa ficar entre as duas melhores para avançar de fase.

“É muito gratificante porque é um sonho de criança vestir a camisa da seleção brasileira. Já com sete anos comecei a jogar basquete e sempre foi meu sonho estar na seleção e, se Deus quiser, ganhar um título importante”, comentou com exclusividade ao Olympics.com.

Além da possibilidade de disputar um campeonato mundial como treinador, Gustavo de Conti pode realizar outra parte do seu sonho na competição: classificar o Brasil para os Jogos Olímpicos Paris 2024. O evento dará duas vagas ao continente americano. Ou seja: precisa ficar entre os dois melhores países da região na classificação final.

Dona de três medalhas Olímpicas de bronze (Londres 1948, Roma 1960 e Tóquio 1964), a seleção masculina de basquete luta para retomar o caminho das glórias. Ficou de fora dos Jogos Olímpicos entre 2000 e 2008, retornou com a quinta posição em Londres 2012 e competiu no Rio 2016, mas ficou novamente de fora em Tóquio 2020.

“Não sou um técnico que coloca muitos objetivos. Acho que temos que dar 200% em cada jogo, mas sem dúvida, uma das grandes metas que a gente tem é se classificar para os Jogos Olímpicos em Paris e se ficarmos entre os dois melhores da América, estaremos classificados. Então, essa é uma das grandes metas”, explicou.

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Gustavo de Conti pensa passo a passo na Copa do Mundo de Basquete 2023

A vaga Olímpica por meio da Copa do Mundo de Basquete 2023 pode ser a grande meta da seleção brasileira, mas Gustavo de Conti prefere manter os pés na quadra. Mesmo com um possível confronto contra o Canadá na segunda fase valendo vaga para as quartas de final – e encaminhando a classificação para Paris 2024.

"O que a gente está pensando primeiro é passar de fase. Depois de passar, a gente vai pensar em quem vier do outro grupo”, disse. Os dois países que avançarem na chave do Brasil enfrentam os dois classificados do Grupo H na segunda fase e levam os resultados da fase anterior. Ou seja, serão mais dois jogos e as duas nações com maior pontuação avançam às quartas de final.

“Não temos controle sobre o que vai fazer Porto Rico, o que vai fazer a República Dominicana ou as outras seleções da América. Então nós temos que fazer a nossa parte, tentar chegar o mais longe possível e, no final, ver se estamos na frente delas ou não”, admitiu.

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Equipe completa e versátil: a arma do Brasil na Copa do Mundo de Basquete 2023

Para avançar e conseguir a vaga Olímpica na Copa do Mundo de Basquete 2023, Gustavo de Conti terá algo que raramente seus antecessores conseguiram: reunir a equipe completa com todos os principais jogadores do país, incluindo aqueles que estavam em franquias da NBA (como Raulzinho e Gui Santos) e ligas europeias (como Yago e Marcelinho Huertas).

“O que me deixa mais feliz, além de ter todo mundo, é a possibilidade de jogar de várias formas diferentes. A gente tem jogadores com muitas características diferentes: pivô mais baixo, pivô mais alto, pivô que chuta, que não chuta, armador que organiza, armador que finaliza, e isso é muito bom”.

Com essa versatilidade, nomes como Yago Mateus, que irá disputar a Euroliga a partir da próxima temporada com o Estrela Vermelha, e Bruno Caboclo assumiram protagonismo da seleção em momentos importantes. Como no duelo contra os EUA na última rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo e que garantiu a classificação brasileira para a competição.

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Gustavo de Conti, técnico da seleção brasileira de basquete, abraça Marcelinho Huertas após vitória sobre EUA e vaga na Copa do Mundo de Basquete 2023

(FIBA Basketball)

Gustavo de Conti ‘olha’ as derrotas para projetar vitórias futuras

Quando perguntado sobre os momentos marcantes que teve no comando técnico da seleção masculina de basquete, Gustavo de Conti recordou uma derrota: a final da AmeriCup em Recife, Pernambuco, diante da Argentina. É uma forma de aprender e garantir resultados melhores no futuro.

“Eu também não sou um treinador que fica esquecendo as derrotas. Eu gosto de lembrar para saber o que a gente fez de errado, o que poderia ter sido feito de uma maneira melhor. E é isso que a gente vai fazer. Vai tentar avaliar o que foi feito de errado, tanto na preparação quanto nos jogos, para não cometer os mesmos erros”, comentou.

Sua missão é apagar o fantasma de duas derrotas bastante doloridas no último ciclo. Na Copa do Mundo de 2019, Brasil venceu os três jogos da primeira fase, incluindo a Grécia de Giannis Antetokounmpo, então MVP da NBA. Mas depois perdeu para Tchéquia e foi eliminado na segunda fase. Já no Pré-Olímpico aos Jogos de Tóquio 2020, o país chegou à decisão, mas foi derrotado pela Alemanha e ficou sem a vaga.

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Primeiro brasileiro em 14 anos, Gustavo de Conti promove renovação da equipe

Gustavo de Conti pode parecer novo para ser técnico da seleção principal (é apenas três anos mais velho do que Huertas, convocado por ele). Mas já possui longa trajetória do lado de fora das quadras: são 27 anos, passando desde escolinhas para crianças até chegar ao topo da carreira, passando por auxiliar técnico e trabalhos de destaque no Paulistano e no Flamengo.

Em 2021, assumiu a seleção masculina em um momento de troca de gerações. Vários atletas consagrados da modalidade, como Alex Garcia, Leandrinho e Anderson Varejão se aposentaram da equipe. Coube ao novo treinador promover uma renovação.

“O que me foi pedido quando fui contratado era isso [renovar a equipe]. Acho que o basquete brasileiro necessitava. Era uma geração que parou e a gente precisava ter jovens – e felizmente esses jovens vieram com muito talento. Estou fazendo o que outros treinadores teriam que fazer”, afirmou.

Sua contratação, inclusive, representou uma mudança drástica na estratégia da seleção masculina. Ele foi o primeiro brasileiro a assumir o comando técnico da equipe em 14 anos. O último tinha sido Lula Ferreira entre 2002 e 2007. Depois passaram o espanhol Moncho Monsalve (2008 a 2009), o argentino Rubén Magnano (2010 a 2017) e o croata Aleksandar Petrovic (2017 a 2021).

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