Giullia Penalber apaga frustrações e se prepara para estreia Olímpica na luta em Paris 2024 

Por Gustavo Longo
4 min|
Giullia Penalber na Luta dos Jogos Pan-Americanos 2023
Foto por Alexandre Loureiro/COB

Ficar a uma vitória de obter a vaga Olímpica é frustrante; mas ficar a um simples triunfo em duas oportunidades e não obter a classificação poderia derrubar qualquer atleta. Giullia Penalber sabe muito bem o que é isso, mas se recuperou e, agora, se prepara para fazer sua estreia Olímpica na luta em Paris 2024.

Aos 32 anos, a atleta será a única representante do país na modalidade após chegar à final do Pré-Olímpico Global em maio. Com isso, assegurou uma das três cotas restantes em sua categoria de peso (57kg). Foi a virada que faltava neste ciclo para ela apagar a tristeza que encarou nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

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Na ocasião, ficou exatamente a uma vitória da vaga Olímpica em duas das três chances que teve. No Mundial de 2019, foi eliminada nas quartas de final, sendo que as semifinalistas já asseguravam uma das cotas disponíveis. Depois, no Pré-Olímpico Global, foi derrotada na semifinal quando apenas as finalistas obtinham a vaga.

“Foi uma derrota frustrante, porém muito importante para minha carreira”, admitiu em entrevista anterior ao Olympics.com.

Da decepção do “quase” em Tóquio 2020, Giullia Penalber tirou aprendizados e aperfeiçoou ainda mais seus treinamentos. A ponto de viver, talvez, a melhor fase de sua carreira. Manteve-se no Top 10 do ranking mundial, conquistou eventos internacionais e garantiu o ouro nos Jogos Pan-Americanos 2023 em Santiago, Chile.

“É um momento muito especial e espero que ajude a incentivar o nosso esporte, que tem muito potencial para o nosso país”, afirmou ao site do COB.

Mudança nas regras fez Giullia Penalber migrar do judô para a luta

O sonho Olímpico de Giullia Penalber começou no judô. Ao ver o irmão Victor Penalber, presente nos Jogos Olímpicos Rio 2016, começar na modalidade quando tinha quatro anos, ela quis acompanhá-lo nas aulas. A questão é que ela tinha dois anos na época e teve que esperar um pouco mais para entrar no tatame.

A carreira na modalidade era realmente promissora. Giullia se destacava nas competições de base no país e parecia questão de tempo para chegar à seleção brasileira. Até que em 2010 houve uma mudança nas regras, proibindo as pegadas de perna – justamente um dos principais golpes da brasileira.

Ela até tentou se adaptar, mas os resultados já não eram os mesmos. Nesta época, descobriu a luta por indicação de amigos. Mesmo com pouco tempo de treino e ainda conciliando os dois esportes, se destacou no campeonato brasileiro. Assim, em vez de mudar completamente seu estilo no judô, simplesmente trocou de esporte.

“Eu tenho plena certeza de que essa dificuldade para mim foi uma oportunidade que apareceu – e encontrei novos caminhos. Eu tenho bastante convicção que foi a escolha certa porque é um esporte que pude crescer, viajar e conhecer bastante gente”, afirmou.

Giullia Penalber mantém legado da luta feminina no Brasil

Além de manter a luta do Brasil nos Jogos Olímpicos (presente de forma contínua desde Atenas 2004), Giullia Penalber também carrega o legado de consolidação da luta feminina. As mulheres garantem ao menos uma cota Olímpica desde a edição de Beijing 2008 e também possuem os melhores resultados brasileiros no cenário internacional.

A única medalha do país em um mundial da modalidade veio com Aline da Silva Ferreira, vice-campeã mundial em 2014. Joice Silva levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2015 e era o único título brasileiro nesta competição até a edição de 2023, quando foi igualada justamente por Giullia e por Laís Nunes, outras duas mulheres.

"A luta feminina no Brasil é muito recente por aqui e acho que temos um potencial muito grande para ser uma potência nesse esporte. Quando a gente vai lá para fora, somos muito mais respeitadas – e o nosso papel hoje é também abrir portas para as meninas que estão vindo”, comentou a atleta, para depois completar.

“Podemos ser igual ao judô. Hoje os pais já querem colocar suas filhas no judô para educar. Na luta os pais ainda não conhecem a modalidade”.