No início de 2021, Gabriela Mazetto era a quarta brasileira no ranking de skate street e estava na luta por uma vaga na estreia Olímpica do skate, em Tóquio 2020. No entanto, no início daquele ano, ela descobriu que estava grávida e se afastou momentaneamente do esporte.
A participação Olímpica não veio, mas Gabi recebeu seu maior presente: sua filha, Liz. Cinco meses após seu nascimento, a skatista brasileira voltou às pistas, mais forte do que nunca.
Agora, o objetivo de Gabi Mazetto é a classificação para Paris 2024. O primeiro passo desta caminhada é no Classificatório Olímpico Pro Tour de Roma 2022, que acontece até 3 de julho na capital italiana. O evento soma pontos para o ranking da World Skate que define as vagas Olímpicas.
"Eu sempre quis participar de uma Olimpíada. Então agora que o skate continua, eu vou fazer de tudo para conseguir uma vaga", disse Gabi com exclusividade ao Olympics.com durante os treinos em Roma.
Confira a conversa com a skatista de 24 anos, natural de Praia Grande, no litoral paulista. O Classificatório Olímpico de Skate Street Pro Tour de Roma terá transmissão do Olympics.com nos dias 2 e 3 julho.
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Olympics.com (OC): Como foram os primeiros treinos em Roma?
Gabi Mazetto (GM): Eu estou muito feliz de estar aqui pela primeira vez em Roma. Tá sendo bem legal, um clima não muito diferente do que a gente tá acostumado no Brasil, tá bem calor, então tem que se hidratar bastante. E acostumando com a pista.
OC: Como você está encarando esse novo ciclo Olímpico, especialmente porque você precisou abandonar o último mais cedo?
GM: Pra mim, é como sempre foi. Eu sempre quis participar de uma Olimpíada. Então agora que o skate continua, eu vou fazer de tudo para conseguir uma vaga. Espero que eu consiga, e não tenha muitas lesões. Vou seguir o rumo e focar para que tudo dê certo.
OC: É mais especial para você agora que você tem uma filhinha, a Liz?
GM: Agora eu tenho mais garra. eu não quero só fazer por mim, mas pela minha família, pela minha filha. Quero que ela entenda o motivo de tudo isso, de deixar ela só com o pai. É uma loucura, tudo é muito novo pra mim, mas eu fico muito feliz de estar passando por esse momento na minha vida.
OC: Você acha que a sua experiência serve como exemplo para outras atletas?
GM: No começo, eu não entendia muito que eu era uma inspiração para outras mulheres, não só no skate, mas em outros esportes. Eu tô trabalhando para entender esse processo. Eu não sou uma pioneira do skate, mas sou uma mãe em alto nível. Eu fico feliz por isso, e agradeço a todo mundo que vem me acompanhando e me dando força, porque é muito gratificante.
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OC: A inclusão do skate nos Jogos Olímpicos mudou alguma coisa para o esporte e para os atletas?
GM: Na minha opinião, sim. Mudou muito. Agora não é mais visto como uma coisa "criminalizada", não é mais tão criminalizado como era antes. Não é mais só um estilo de vida, é um esporte. A gente usa o corpo e a mente. Então eu creio que sim. Foi muito bom para o skate mundial e brasileiro.
OC: Os brasileiros estão sempre em destaque no skate. Você acha que aumentou a pressão sobre os atletas brasileiros agora, especialmente depois das medalhas?
GM: Não sei se só por causa dos Jogos Olímpicos, mas como um todo. O skate já vinha em uma crescente, e o ambiente vai ter mais pressão, mais cobranças. O que tem que ser feito é colocar a cabeça no lugar e fazer o que tem que ser feito.
OC: O que você espera para os próximos dias de competição?
GM: Espero que dê tudo certo, que eu ande bem, que ninguém se machuque. E que sejam dias muito bons e felizes para todos!