Felipe Gustavo vê continuação do sucesso brasileiro no skate: 'Queremos cada vez mais'

Primeiro na história dos Jogos a competir no skate, brasiliense de 31 anos e 17º no ranking mundial comentou para o Olympics.com sobre o que significou Tóquio 2020 para si e para o skate do Brasil como um todo. Opiniões nada diferentes das de Giovanni Vianna, Carlos Ribeiro e Eduardo Neves.

6 minPor Virgílio Franceschi Neto e Marcella Martha
Felipe Gustavo durante treinos no SLS Super Crown World Championship, em novembro de 2021, em Jacksonville, Flórida, Estados Unidos.
(2021 Getty Images)

Ele já está na história, mas quer mais. Felipe Gustavo, o 'Buchecha', foi o primeiro de sempre a realizar uma manobra em uma pista de skate durante os Jogos Olímpicos, na competição do street, realizada em 25 de julho de 2021 no parque urbano de Ariake, na Tóquio 2020.

Pouco menos de um ano depois, ele é parte do time brasileiro que está em Roma para a disputa do Classificatório Olímpico de Skate Street - Pro Tour 2022. Agora, o foco é outro: Paris 2024. O torneio na capital italiana vai até domingo dia 3 de julho e é o primeiro evento da variante street que conta pontos na corrida em busca de uma vaga nos próximos Jogos.

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Desde a Itália, o Olympics.com falou com Felipe Gustavo e outros brasileiros como Eduardo Neves, Carlos Ribeiro e Giovanni Vianna. O brasiliense compartilhou as expectativas para este Pro Tour, o fato de haver competido nos Jogos realizados no Japão e o sonho de estar em Paris. Além disso, refletiu sobre o crescimento da modalidade no país, em opiniões semelhantes das dos colegas.

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O skate após os Jogos Tóquio 2020

O Classificatório Olímpico de Skate Street - Pro Tour Roma 2022 reúne skatistas de todo o planeta na pista montada no parque do monte Ópio e Termas de Trajano, na Cidade Eterna. Ambiente e cenário inspiradores para Felipe Gustavo dar início à jornada rumo à sua segunda participação Olímpica. "Cheguei aqui anteontem na pista...hoje, depois do terceiro dia de andar, eu acho que me sinto bem melhor. Tem muita gente competindo...é legal, eu gostei da pista...favorece um pouco meu skate técnico", comentou o brasiliense.

Sente-se confiante e seguro de que cada passo acontece no seu tempo, à sua vez. Ainda mais agora com o novo formato da competição: "Geralmente você chega e quer tentar as manobras difíceis para passar de fase. Como agora tem várias fases, tem que ir devagarzinho, acostumando", comentou. Esta segurança ele também credita ao fato de haver disputado os Jogos Olímpicos: "Os Jogos foram como a cereja do bolo. Eu acho que o fato de eu ter andado nos Jogos com certeza me dá mais uma segurança".

Um evento, afinal, que deu mais projeção e reconhecimento à modalidade, em visibilidade e número de praticantes. Isso, para Felipe Gustavo, não tem preço: "Acho que ter o reconhecimento de todos os outros esportes, tipo a gente sendo a primeira vez da história do skate nos Jogos, vendo a galera do surfe, a galera do futebol, de todos os outros esportes reconhecendo a gente na Vila Olímpica...acho que isso não teve preço, sabe? Onde a gente vai no meio do skate, a galera reconhece a gente. Mas quando a gente vai para outro lugar com outras pessoas fora do skate, reconhecendo o que a gente faz, isso sim é um grande reconhecimento."

Sobre a quantidade de praticantes após Tóquio 2020, o seu colega de equipe, o paulista Giovanni Vianna, refletiu: "Teve uma época, acho que há uns dez anos, o skate cresceu muito, depois parou. Aí agora está voltando tudo de novo, muito com as crianças, principalmente as meninas. As meninas, sim, estão vindo em peso."

(Julio Detefon/CBSk)

Felipe Gustavo: 'O primeiro da história acho que vai ser para sempre'

Na manhã daquele domingo, 25 de julho de 2021, ele foi o primeiro atleta a realizar uma volta oficial na estreia do skate em Jogos. O seu nome está eternizado, assim como a tatuagem que fez com os anéis Olímpicos: "Eu tenho muitas tatuagens que marcaram a minha vida e com certeza os Jogos marcaram a minha história. Fui o primeiro atleta da história a entrar, a primeira manobra dos Jogos na história é minha. Então, acho que isso vou poder contar para meus filhos, eu vou ter essa história comigo. Isso ninguém vai tirar de mim, entendeu? Uma medalha sei que vai ter várias de ouro, vai ter várias de bronze, mas o primeiro da história acho que vai ser para sempre", orgulha-se.

Terminada a competição Olímpica, o brasiliense disse muita coisa haver mudado, que o esporte cresceu para além de quem já acompanha o skate. Se o esporte conseguir romper ainda mais essas barreiras, ele não tem dúvidas de que vai crescer ainda mais. Buchecha competiu em Tóquio e gostou. Terminou em 14º. Sabe que pode e quer mais em Paris. "Agora é um interesse mais pessoal pela vaga. Quero chegar lá (na capital da França) com mais experiência", comentou.

(Julio Detefon/CBSk)

O gaúcho Carlos Ribeiro é um dos mais velhos do time brasileiro, tem 31 anos assim como Felipe Gustavo, e falou em olhar com carinho uma possível participação nos próximos Jogos: "Eu não dava muita bola antes (para os Jogos). No último ciclo Olímpico não estava dando muita bola. Mas esse ano eu já estou achando que eu quero participar também, claro. Infelizmente, agora eu estou voltando de lesão, então eu estou vendo, indo até onde meu corpo pode ir. Mas logo, logo, se Deus quiser eu vou estar 100% saudável e eu vou me esforçar ao máximo para fazer."

As três medalhas Olímpicas no Japão (as pratas de Rayssa Leal e Kelvin Hoefler no street, e de Pedro Barros na variante de park), os resultados internacionais e os jovens talentos que surgem indicam a força do Brasil no skate e a responsabilidade de manter o país no topo das competições.

Felipe Gustavo sabe disso e acrescentou: "Assim como todo brasileiro esportista, a gente é muito raçudo, né? Eu acho que é a nossa vontade e a nossa inspiração são muito grandes. Quando a gente vê um outro atleta se dando bem, ou qualquer esportista do Brasil que se dá bem...acho que essa expectativa cresce cada vez mais. Eu acho que através da medalha que eles ganharam, com certeza a galera está muito inspirada. Todos os brasileiros que estamos aqui hoje (em Roma) querem mais. A gente vai cada vez querer mais. Então é isso que eu agradeço, a inspiração que os medalhistas deram pra gente e vamos atrás de mais medalhas."

O sul-matrogrossense radicado em Curitiba, Eduardo Neves, concluiu: "...o brasileiro tem muito potencial e, sem dúvida, acho que querendo ou não, fica aquele gostinho de uma responsabilidade a mais de trazer uma medalha. Mas isso é consequência. Andar de skate...medalha é consequência."

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