Nadador refugiado Eyad Masoud: "É mais do que um esporte, é meditação, motivação... felicidade"

Masoud nasceu na Síria e teve que se mudar para o outro lado do mundo para tentar fazer seus sonhos na natação se tornarem realidade.

3 minPor Ken Browne
Eyad Masoud

Para Eyad Masoud, a natação sempre foi seu salvador.

"Quando eu nado, é mais do que um esporte. É meditação, desafio, motivação, um feito e felicidade", ele disse ao Sports Gazette.

"Não consigo colocar em palavras, mas posso dizer o que [a natação] me ensinou: paciência, determinação, concentração, humildade e amor".

Quando ele e sua família tiveram que deixar a Síria por causa da guerra civil, a natação nos Jogos Olímpicos se tornou um sonho distante.

Tendo refúgio na Arábia Saudita, onde seu pai trabalhou como médico, Masoud não conseguia encontrar um lugar para treinar devido a restrições a estrangeiros usarem piscinas públicas e participarem em competições.

Mas um encontro por acaso com o treinador da Nova Zelândia David Wright mudou a sua vida.

Um novo começo na Nova Zelândia

Wright estava trabalhando com a equipe nacional da Arábia Saudita e ficou impressionado com o talento do jovem sírio, convidando-o para treinar.

Mas Wright retornou logo à Nova Zelândia, e Masoud novamente foi impedido de usar a piscina.

O treinador Kiwi, que já treinou atletas Olímpicos, o convenceu que se mudar para a Nova Zelândia era a melhor coisa para seu futuro e, após grandes problemas com vistos e muita espera, ele se mudou sozinho para o novo país.

Não foi uma transição fácil.

"Pensei que a língua e a comunicação seriam grandes obstáculos para me adaptar. Mas percebi que vai além disso", ele comentou.

"Vir para a Nova Zelândia e ver as notícias sobre a Síria era muito dolorido, não me sentia seguro depois de ver a destruição que havia acontecido".

"Ficar em um país muito longe da minha família foi difícil também".

Na natação, ele sempre "se encontrou", sendo a coisa mais constante em sua vida.

Esporte e natação como estilo de vida

A natação o salvou mais uma vez, além de proporcionar um momento bom com a família de Wright. Eles o ajudaram a se adaptar e a se integrar.

"Através da natação e estando na piscina eu consegui encontrar um emprego (como instrutor de natação), continuou Masoud.

"Também, estando lá frequentemente com pessoas comuns, os salva-vidas e baristas do café começaram a me conhecer".

"Ouvir minha história e ver minha determinação de aparecer nos treinos sob qualquer circustância foi algo que os inspirou".

"Foi necessário ter coragem para mudar. Coragem que desenvolvi superando obstáculos no meu treinamento na natação".

O nadador sírio diz que seus maiores obstáculos foram práticos e financeiros - ter dinheiro para o aluguel, ter comida e cobrir as despesas diárias.

Eyad Masoud: "Quero representar uma mensagem de esperança"

Quando as notícias chegaram que ele receberia a Bolsa de Atleta Refugiado do COI, ele conseguiu finalmente se dedicar totalmente à natação sem preocupações.

"Fiquei extremamente feliz de receber as notícias", ele disse. "Consegui focar no meu treinamento e me preocupar menos em providenciar o suficiente para sobreviver".

Um dos 56 promissores atletas refugiados do mundo a receber uma bolsa, Masoud não chegou à Equipe Olímpica de Refugiados final que foi a Tóquio 2020, mas sua jornada continua e seu compromisso com a natação continua, visando Paris 2024 no horizonte.

Além de suas ambições pessoais, este nadador refugiado entende que representa algo muito maior, como o poder de inspirar outros.

"Quero representar uma mensagem de esperança, quero espalhar amor e bondade. Quero que o mundo saiba que existe um grande número de refugiados no mundo e eles têm muitos talentos e habilidades".

"Também quero inspirar as pessoas mostrando que só basta você mesmo para ser feliz e para acreditar em coisas grandes".