Érika de Souza prepara sua 'última dança' com a seleção feminina de basquete
Com 25 anos de carreira, pivô brasileira anunciou que pretende se aposentar nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Para conseguir isso, Érika de Souza estará com a seleção de basquete do Brasil na disputa da AmeriCup feminina 2023. Evento acontecerá entre 1º e 9 de julho e dará duas vagas ao Pré-Olímpico Mundial.
Quando a seleção brasileira de basquete entrar em quadra para enfrentar Cuba neste sábado, 1º de julho, uma atleta importante do país estará iniciando sua despedida do esporte. A pivô Érika de Souza pretende se aposentar nos Jogos Olímpicos Paris 2024 – para isso, precisa encarar primeiro a disputa da AmeriCup feminina 2023.
A competição, que acontecerá no México entre 1º e 9 de julho, é o primeiro passo para os países do continente rumo aos Jogos Olímpicos. Os dois finalistas já garantem vaga direta no Pré-Olímpico mundial. Outras quatro seleções terão que passar por uma repescagem para definir as duas vagas restantes no torneio classificatório.
A última dança da Érika no basquete, portanto, começa nas quadras mexicanas e vai depender de quão longe a seleção brasileira consegue chegar neste objetivo.
“Eu até brinquei com as meninas, falei ‘ó, minha aposentadoria está dependendo de vocês, porque eu quero me aposentar lá em Paris. Para isso eu estou aqui até hoje e meu foco é esse’”, afirmou com exclusividade ao Olympics.com.
Participar dos Jogos Olímpicos não chega a ser uma novidade para Érika de Souza. Ela esteve no grupo que fez a última grande campanha Olímpica do basquete feminino do Brasil, com a quarta posição em Atenas 2004. Ela jogou também em Londres 2012 e Rio 2016 e perdeu Beijing 2008 por lesão.
Não será um caminho curto e tampouco fácil. Caso tenha sucesso, Érika, aos 41 anos, ficará mais um ano inteiro jogando e, claro, precisará ter um bom desempenho para continuar sendo convocada. Mesmo assim, ela admite que quer aproveitar cada momento que tiver com a seleção a partir da AmeriCup feminina 2023.
“Eu quero aproveitar o máximo, sugar das meninas toda a energia delas, a alegria, o ambiente, o vestiário. Quero desfrutar, como dizem na Espanha. Se eu tiver que jogar cinco minutos, eu vou dar o meu melhor. Espero que a gente consiga chegar em Paris, mas independente do resultado, eu quero estar com elas. Parece que sou uma juvenil, estou aproveitando todos os momentos”.
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Paris 2024 é 'cereja do bolo' para Érika de Souza
Aos 20 anos, Érika de Souza já conquistava o anel de campeã da WNBA com o Los Angeles Sparks em 2002. Nas duas décadas seguintes, acumulou passagens na liga norte-americana (três vezes incluída no Jogo das Estrelas), no basquete espanhol, húngaro e brasileiro. Foi campeã da Euroliga em 2011 e ganhou medalhas em eventos continentais com a seleção feminina.
Diante de carreira tão vitoriosa, sua última grande conquista seria justamente recolocar a seleção feminina de basquete no Brasil nos Jogos Olímpicos. Em Tóquio 2020 o país não garantiu classificação e ficou de fora da modalidade após 33 anos. Seria a conclusão perfeita da sua jornada de heroína ao devolver o país à elite do esporte.
“Eu sou grata a tudo o que conquistei, mas acho que me aposentar nos Jogos Olímpicos seria a cereja do meu bolo. Este é meu grande objetivo. Seria minha grande despedida e um auge para mim”, comentou.
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'Tia' do grupo atual, Érika de Souza passa bastão para nova geração
Com uma carreira longa e vitoriosa, era natural que Érika de Souza se tornasse uma referência para o atual grupo de jogadoras. Quando ela foi convocada pela primeira vez, algumas de suas atuais companheiras nem eram nascidas. Chamada de “tia” pelas mais novas, ela sempre busca conversar com as atletas para orientá-las e dar dicas.
“Eu sei o quanto é difícil porque já passei por isso. Já tive dificuldade de chegar na Alessandra, Paula e Roseli e perguntar alguma coisa. Então todas as vezes que estou na seleção, eu deixo as meninas bastante à vontade”.
Duas delas, inclusive, dividem o garrafão com Érika na seleção. Stephanie Soares, 23 anos e recrutada pela WNBA nesta temporada, não está presente por conta de uma lesão. Já Kamilla Cardoso, 22, foi campeã da NCAA (liga universitária norte-americana), é favorita às primeiras posições do Draft da WNBA em 2024 e já é uma das estrelas na AmeriCup feminina 2023.
“Eu fico muito feliz e privilegiada de acompanhar o crescimento delas, ter ajudado de alguma maneira. Posso dizer que eu fiz o que tive que fazer e posso ver que minha posição está segura com a Kamilla e a Stephanie”, afirmou.
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Érika de Souza controla 'borboletas' e quer ser mãe após Paris 2024
Com 25 anos de seleção brasileira feminina de basquete e referência do esporte no país, engana-se quem pensa que Érika de Souza consegue manter a calma a cada período de treinos e competições com a seleção. Ainda mais agora, sabendo que serão suas últimas partidas com a camisa verde e amarela.
“Se você não tem esse frio na barriga, não sente essas borboletas voando, eu não sei, você está fazendo alguma coisa errada ou está na profissão errada”, admite.
Uma trajetória que ela nem imaginava quando trocou o atletismo pelo basquete na adolescência em Mangueira, no Rio de Janeiro. Tudo foi muito rápido para ela. Foi só aos 16 anos que passou a se dedicar à modalidade e, logo de cara, já atuava na equipe sub-19 e era convocada para as seleções de base.
A partir daí foram 25 anos ininterruptos na seleção nacional e uma carreira repleta de títulos e feitos. Por isso ela possui outros objetivos após completar sua última dança com o basquete. “Quero ser mãe, quero curtir meu marido, minha família, se Deus quiser, meus filhos. Depois, dar apoio ao projeto do meu bairro, para crianças carentes”.
Seria, portanto, uma despedida definitiva do esporte? “Quem sabe, futuramente, pensar em ser assessora, assistente técnica, diretora, mas isso é lá para um futuro bem distante”, concluiu.