Caeleb Dressel: a lenda Olímpica que nasceu em Tóquio 2020

Estrela da natação dos EUA mostrou força mental para lidar com as expetativas no Japão, saindo com cinco medalhas de ouro. Assista aos melhores momentos de Caeleb Dressel em Tóquio 2020.

Dressel medal
(2021 Getty Images)

Caeleb Dressel se define a si mesmo como um “solitário”, mas a maioria dos norte-americanos tem uma percepção bem diferente da nova estrela da natação após exibições impressionantes nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Nascido na Flórida, Caeleb Dressel partiu para o evento com o peso do mundo em seus ombros. Seria capaz de estender no Japao o domínio demonstrado nos dois últimos Mundiais? Poderia assumir o papel de líder de uma jovem equipa dos EUA nos revezamentos? Já para nem falar de ocupar o vazio deixado por Michael Phelps, o melhor atleta Olímpico da história com 23 medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze conquistadas entre Sydney 2000 e Rio 2016.

A resposta às várias perguntas foi afirmativa. Cinco ouros e um recorde do mundo depois, não só Dressel respondeu presente, como ainda cimentou seu lugar na história Olímpica tornando-se o quinto nadador a vencer cinco medalhas de ouro na mesma edição dos Jogos.

Dressel não escondeu as dificuldades que viveu rumo a Tóquio 2020.

O astro da natação foi um dos atletas mais mencionados de qualquer esporte e as expetativas colocadas nele provocaram cansaço mental em certas ocasiões. O ano de atraso sofrido pelos Jogos Olímpicos devido à pandemia de COVID-19 só veio aumentar essa pressão.

Sua primeira tarefa no Japão era ajudar a equipe dos EUA a vencer o revezamento 4x100m, tarefa completada com êxito ao lado de Blake Pieroni, Bowen Becker e Zach Apple.

Um gesto seu se tornou viral quando Caleb Dressel foi apanhado pelas câmaras arremessando para a arquibancada a medalha de ouro na direção de Brooks Curry, uma homenagem bonita ao seu jovem companheiro de seleção que nadou nas rondas preliminares. Aí já o atleta de Orange Park estava focado nos três eventos individuais seguintes.

Dois dias mais tardes, soltou as emoções. O rosto de alívio e cansaço foi a imagem reveladora da final dos 100m livre onde conseguiu bater o campeão da Rio 2016, Kyle Chalmers.

(2021 Getty Images)

“Sou bastante bom a esconder o jogo”, Dressel contou à inews. “Sabia que o peso estava sobre os meus ombros. [Mas] a pressão está bem. É quando transformas isso em estresse que isso se torna em um problema. Na primeira prova senti que estava transformando a pressão em estresse. Nas semifinais e na final foi quando encontrei o meu ritmo”.

“Sei que o meu nome é muito falado lá fora e não me podia importar menos com isso. É algo que vem com o esporte quando você chega no topo do pódio.”

“Tenho que gerir as minhas emoções. Choro muito e sou uma pessoa emocional, por isso não posso esgotar essas energias que tenho que aplicar na natação.”

Essa vitória libertou o monstro dentro de Dressel e na seguinte final nadou para recordé do mundo na vitória em 100m borboleta, a terceira medalha de ouro em Tóquio 2020.

Com o tempo de 49,45 tirou 0,05 ao anterior recorde e incríveis 0,23 segundos na frente do rival mais próximo, Kristof Milak.

Após um descanso rápido, o norte-americano voltou na piscina para a primeira final da história do revezamento misto 4x100m medley. Foi uma prova onde os EUA cometeram um raro erro tático e Dressel ficou com muito trabalho para fazer no último revezamento, chegando em quinto lugar no time composto por Ryan Murphy, Lydia Jacoby e Torri Huske.

No entanto, não demorou para Dressel voltar às medalhas. O último dia de competições no Centro Aquático de Tóquio começou com a final dos 50m livre. Na sala de chamada, antes da prova, Dressel estava ansioso, caminhando nervosamente enquanto a maioria dos rivais relaxava nas cadeiras.

Essa energia foi transferida para a imagem de marca do nadador de 25 anos, uma partida explosiva, emergindo já com clara vantagem.

Caleb Dressel liderou do princípio ao fim e tocou primeiro na parede, com enorme vantagem sobre o segundo classificado, Florent Manoudou. Uma rara imagem em uma prova tantas vezes decidida no photo finish.

(2021 Getty Images)

Cinco finais, quatro medalhas de ouro. Mas a programação frenética de Dressel em Tóquio 2020 ainda não tinha terminado.

A sua última prova, o revezamento 4x100m medley, é em si um evento de particular pressão para os atletas norte-americanos já que os EUA nunca perderam nos Jogos Olímpicos. Com a Grã-Bretanha inspirada por Adam Peaty chegando como campeã do mundo, esse recorde americano parecia condenado.

Mas nenhum revezamento dos EUA deve nunca ser descartado à partida, especialmente tendo o melhor nadador do estilo borboleta na equipe.

Junto com o especialista em costas Ryan Murphy, o especialista no nado de peito Michael Andrew e com Zach Apple fechando, os EUA roçaram a perfeição vencendo com recorde do mundo, mantendo a tradição na distância.

Foi o final perfeito para Dressel, que se juntou aos americanos Phelps, Mark Spitz e Matt Biondi, e a Kristin Otto (Alemanha de Leste), como os únicos nadadores vencedores de cinco medalhas de ouro na mesma edição dos Jogos Olímpicos.

“Tentei-me convencer que os Mundiais são iguais, que são a mesma competição; mas aqui é tudo muito diferente. Agora percebo isso e vou parar de mentir para mim mesmo – tem um significado diferente preparar uma prova que acontece a cada quatro anos para estar bem durante 40 segundos.”

"Tens que ser tão perfeito naquele momento, especialmente porque tivemos um ano extra – foi uma preparação de cinco anos e ser tão perfeito. Há muita pressão naquele momento que a tua vida fica condensada em 20 ou 40 segundos. É uma loucura, não é?”

(2021 Getty Images)

A poeira ainda assenta nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, mas Paris 2024 já só está a três anos de distância. A mente de Dressel já está em modo competitivo.

“Gostaria de entrar na equipe, mas primeiro tenho que conseguir entrar. Não tenho prioridade sobre ninguém na natação do EUA. Primeiro tenho que entrar, depois podemos falar sobre Paris”, explicou à CNBC.

Típico Dressel: humilde, dedicado e apaixonado.

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