Carlos Alcaraz conquista Roland Garros pela primeira vez e volta a fazer história no tênis

Por Daniel Perissé
7 min|
Carlos Alcaraz of Spain kisses the winners trophy after victory in the Men's Singles Final match between Alexander Zverev of Germany and Carlos Alcaraz of Spain on Day 15 of the 2024 French Open at Roland Garros on June 09, 2024 in Paris, France.
Foto por Clive Brunskill / Getty Images

Roland Garros tem um novo campeão. Neste domingo, 9 de junho, Carlos Alcaraz superou Alexander Zverev por 3 sets a 2, parciais de 6-3, 2-6, 5-7, 6-1 e 6-2, e conquistou o Grand Slam no saibro francês pela primeira vez na sua carreira, em partida que durou 4 horas e 19 minutos na quadra Philippe-Chatrier.

O resultado faz com que o espanhol entre para um seleto grupo de tenistas que obteve títulos de Grand Slam de simples masculino nas três superfícies: quadra dura (US Open em 2021), grama (Wimbledon em 2022), e, agora, no saibro.

Além dele, apenas outros seis conseguiram tal feito: Rafael Nadal, Mats Wilander, Jimmy Connors, Roger Federer, Novak Djokovic e Andre Agassi.

Alcaraz, inclusive, é o mais jovem a ter tal performance, aos 21 anos - a marca anterior era de seu compatriota Nadal, que tinha 22 e sete meses quando venceu o Australian Open (também em quadra dura) no ano de 2009, após Roland Garros (2005) e Wimbledon (2008).

O espanhol também se tornou o primeiro tenista masculino a vencer seus primeiros três títulos de slam em superfícies distintas. Ele detém agora uma campanha de 18 vitórias e 3 derrotas no saibro francês.

Alcaraz também se tornou o tenista mais jovem a conquistar três torneios de Grand Slam, superando Jimmy Connors, que tinha alcançado a façanha aos 22 anos e 7 dias.

Por sua vez, Zverev perde sua segunda final de Grand Slam na carreira - a outra foi no US Open 2020, quando caiu diante do austríaco Dominic Thiem depois de também estar à frente em sets.

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Último campeão inédito foi Novak Djokovic, em 2016

A última vez que dois tenistas que nunca tinham ganho o Major francês se enfrentaram em uma final foi em 2016, quando Novak Djokovic superou o britânico Andy Murray.

O sérvio ainda levaria a taça em Paris também nos anos de 2021 e 2023 - chegou esse ano para defender o título, mas acabu abandonando por conta de uma lesão no joelho que o obrigou a ser operado para poder tentar jogar Paris 2024 e buscar o inédito ouro Olímpico.

Além disso, desde 2005 que dois tenistas que disputavam a primeira final de Roland Garros não se enfrentavam: naquela final, Nadal ganhou o primeiro de seus 14 títulos no saibro francês ao derrotar o argentino Mariano Puerta.

Por falar em tenistas da Espanha, Alcaraz é o oitavo jogador do país a levantar a taça em Roland Garros, depois de Nadal, Sergi Bruguera, Manuel Santana, Juan Carlos Ferrero (atual treinador do jovem espanhol), Albert Costa, Carlos Moyá e Andrés Gimeno.

Como foi a decisão

Respectivamente terceiro e quarto favoritos da chave, Alcaraz e Zverev entraram em quadra diante de um retrospecto com leve favoritismo para o alemão: ele venceu cinco das nove partidas entre eles, uma delas nas quartas de Roland Garros, em 2022.

Entretanto, foi o espanhol que começou com tudo, quebrando o saque do rival logo no primeiro game, com direito a duas duplas faltas. Porém, Zverev devolveu a quebra e confirmou em seguida para fazer 2 a 1.

Alcaraz empatou em 2 a 2 e depois quebrou o alemão novamente. Ele fez 4 a 2 ao confirmar o serviço.

O tenista alemão até buscou uma reação no game seguinte, mas não foi capaz de superar o saque de Alcaraz, que fez 5 a 3. No nono game, o espanhol tratou de quebrar de novo e saiu na frente.

Zverev deu o troco na parcial seguinte. Errando menos, aproveitou para quebrar o serviço do adversário no quinto e sétimo games, empatando a partida em 1 a 1.

A terceira parcial foi a mais surpreendente: depois de abrir 5 a 2, Alcaraz viu Zverev ganhar nada menos que cinco games seguidos para perder por 7 a 5, ficando com 2 a 1 atrás no marcador geral.

Quando a boa fase parecia ser do alemão, foi Alcaraz que atropelou no início do quarto set, abrindo 4 a 0 e deixando pouca margem para que o adversário se recuperasse.

O quinto e decisivo set começou com os dois tenistas confirmando seus saques, mas no terceiro game Alcaraz conseguiu quebrar e fazer 2 a 1.

Com vantagem de 4 a 2, o espanhol conseguiu mais uma quebra no sétimo game, sacando em seguida para fechar a partida e comemorar seu primeiro título em Roland Garros.

Nadal parabeniza Alcaraz pelo título nas redes sociais

Pouco depois da partida, Rafael Nadal fez uma postagem em uma de suas redes sociais parabenizando Alcaraz pela conquista de seu primeiro título em Roland Garros.

Em entrevista à NBC após a cerimônia de premiação, Alcaraz agradeceu ao compatriota pelas palavras de carinho e voltou a afirmar que ele é seu ídolo desde que começou no esporte.

"Tenho de agradecer a ele e a toda a torcida espanhola que me apoiou. É uma pessoa que venceu 14 vezes aqui, é meu ídolo desde que comecei a jogar tênis. Essa conquista é não só para ele, mas para todo o povo espanhol," destacou o novo campeão do segundo Grand Slam da temporada.

Roland Garros será palco do tênis em Paris 2024

Daqui a pouco mais de um mês, todas as atenções estarão novamente voltadas para Roland Garros, já que o complexo de quadras de saibro também será palco do torneio Olímpico de tênis de Paris 2024, entre 27 de julho e 4 de agosto.

Inclusive, o ranking que distribuirá a maioria das vagas para os Jogos será o de 10 de junho, logo após a disputa no saibro francês. Cada Comitê Olímpico Nacional (CON) poderá classificar no máximo 12 atletas, contando todas as chaves (seis por gênero).

Nas chaves de simples, poderá ter até quatro representantes em cada (os de melhor ranking), duas parcerias em cada chave de duplas e apenas uma parceria nas mistas.

Como os Comitês Olímpicos Nacionais têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, a participação dos atletas nos Jogos de Paris depende de seus CONs selecioná-los para representar sua delegação em Paris 2024.

Após vice em simples, Paolini perde nas duplas para Gauff e Siniakova

Menos de 24 horas depois de perder a final de simples para Iga Swiatek, a italiana Jasmine Paolini voltou à quadra para a decisão de duplas femininas, ao lado de sua compatriota Sara Errani, mas acabou derrotada pela americana Coco Gauff e a experiente tcheca Katerina Siniakova, por 7-6(7-5) e 6-3, em partida realizada antes da decisão entre Alcaraz e Zverev.

O primeiro set teve quebras de serviço dos dois lados e acabou indo para o tie-break. A dupla formada pela americana e a tcheca, que disputou seu primeiro torneio junta, foi mais decisiva no desempate, com três winners.

Gauff e Siniakova iniciaram a segunda parcial abrindo 2 a 0, quebrando o saque de Paolini no segundo game, mas as italianas devolveram a quebra para se manter no jogo. No entanto, elas conseguiram mais uma quebra, agora no serviço de Errani, para fazer 3 a 1.

Com as duas quebras, a americana e a tcheca relaxaram em quadra e as italianas ensaiaram uma reação, encostando em 4 a 3 depois de estarem perdendo por 4 a 1.

Entretanto, no oitavo game Errani teve seu saque quebrado novamente e elas conseguiram fazer 5 a 3. No game seguinte, Gauff sacou para vencer seu primeiro torneio de Grand Slam em duplas.

A americana disputou sua terceira decisão em torneios desse porte, tendo perdido as duas anteriores: uma em Roland Garros em 2022, ao lado da compatriota Jessica Pegula (com quem tem jogado duplas atualmente), e no US Open de 2021, com Caty McNally.

“Foi minha terceira final de Grand Slam. Não estava planejando jogar duplas, mas recebi o convite e foi um torneio incrível,” comentou Gauff, número três do mundo em simples.

Por outro lado, Siniakova obteve seu oitavo Major, sendo o terceiro título em Roland Garros (os outros foram em 2018 e 2021). Ela já tinha completado o chamado career Slam em duplas, tendo vencido o Australian Open (2022 e 2023), Wimbledon (2018 e 2022) e o US Open (2022).

Todas essas conquistas, além do ouro em Tóquio 2020, foram ao lado da compatriota Barbora Krejcikova, de quem se separou no início dessa temporada. Siniakova também já foi número um do mundo em duplas, alcançando a posição pela primeira vez em 2018 e ficando lá por 115 semanas.