Finalmente: Canadá campeão do mundial feminino de hóquei no gelo!
O mês de agosto terminou e reservou grandes emoções até o último instante. Tal como o mês, também chegou ao fim a 20ª edição do Campeonato Mundial Feminino de Hóquei no Gelo.
O 11º título canadense teve uma final com um roteiro épico, com prorrogação e virada que colocaram fim a um jejum de quase dez anos. Assim como no masculino, a vitória entre as mulheres foi do Canadá e também por três a dois na decisão.
O Olympics.com preparou um resumo de como foi este torneio.
O Mundial de 2021
Por conta da pandemia da covid-19, a competição estava originalmente agendada para 2020 e foi adiada por duas vezes, além de ter sido mudada de sede.
Poucas semanas antes do seu já postergado início em maio de 2021 nas cidades canadenses de Halifax e Truro, ambas na província da Nova Escócia, a competição foi remarcada novamente para o mês de agosto e desta vez deslocada para Calgary, na província de Alberta, que inclusive foi a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988.
Disputada desde 1990, o Mundial Feminino só viu dois países campeões: Canadá e Estados Unidos, dez e nove vezes vencedores, respectivamente. Situação parecida com o torneio feminino do hóquei no gelo nos Jogos Olímpicos, que também só teve essas duas nações campeãs. Os vizinhos da América do Norte também jogaram todas as decisões, com exceção da edição de 2019, em que as canadenses ficaram de fora após perderem para as finlandesas.
Para a competição, os grupos para o torneio foram divididos assim, com base no ranking mundial:
Grupo A: Estados Unidos, Canadá, Finlândia, Suíça e ROC
Grupo B: República Tcheca, Dinamarca, Japão, Alemanha e Hungria
Na fase de grupos, deu a lógica, com as seleções dos Estados Unidos e do Canadá se sobressaindo em relação às outras. As quartas de final, sim, reservaram uma surpresa. A Suíça não estava bem no torneio e só havia marcado um gol em quatro jogos, em uma derrota contra a ROC. As duas seleções voltaram a se enfrentar na fase de quartas de final, mas desta vez a vitória foi helvética por três a dois na prorrogação e, com o resultado, a classificação para as semifinais ficou garantida.
Já na fase semifinal, Canadá e Estados Unidos fizeram valer o amplo favoritismo. Sequer sofreram gols e venceram seus adversários, Finlândia e Suíça, respectivamente, por quatro e três a zero.
A grande final
Além de serem países vizinhos, Estados Unidos e Canadá fazem, no hóquei no gelo, uma das maiores rivalidades no esporte, quer seja entre os homens, quer seja entre as mulheres.
Atuais campeãs Olímpicas e pentacampeãs do mundo, as estadunidenses queriam igualar a marca de 10 mundiais conquistados pelas canadenses. Já o Canadá - ainda mais em sua casa, Calgary - queria colocar fim a um jejum de quase uma década sem conquistas de campeonatos do mundo. Ainda era bastante lembrada a derrota para os Estados Unidos na decisão da medalha de ouro dos Jogos de PyeongChang 2018.
Na fase de grupos as duas equipes se enfrentaram e o Canadá venceu de maneira confortável por cinco a um.
No entanto, diz a máxima que "a final é um outro jogo", uma outra história.
No primeiro período as estadunidenses abriram dois a zero com Alex Carpenter (USA), em partida bastante truncada e nervosa, repleta de penalidades e punições para ambas as equipes. Final do primeiro período com os Estados Unidos à frente do marcador.
Havia bastante jogo pela frente, mas diante do equilíbrio, tudo poderia acontecer.
O Canadá voltou melhor disposto no segundo período e, em menos de três minutos empatou com Brianne Jenner (CAN) e Jamie Lee Rattray (CAN). Dois a dois foi o placar ao final da segunda parte do jogo.
O terceiro período foi muito tenso, marcado por bastante cautela das duas equipes, sem correr tantos riscos, mas ainda nervoso, com muitas infrações cometidas por ambos os lados. Tamanho o cuidado fez com que o marcador ficasse inalterado e a partida fosse para a prorrogação.
A fim de evitar a disputa de shootout que tirou o ouro do Canadá nos Jogos de PyeongChang 2018, as donas da casa partiram pra cima das estadunidenses e decidiram o jogo com gol da experiente Marie-Philip Poulin (CAN), com menos de três minutos para o término do tempo extra.
Alívio em Calgary e muita festa. Fim de um jejum e vitória do Canadá por três a dois. Placar final.
As canadenses tornavam-se, assim, campeãs do mundo depois de quase dez anos (o último título havia sido em 2012) e quebraram com a série de cinco títulos consecutivos das estadunidenses.
"Depois de estar atrás por dois a zero no primeiro período, o placar mostrou como temos resiliência. Com trabalho de equipe, nós nos mantivemos unidas, seguimos o plano e foi incrível, para ser honesta. Sobre a resiliência, nós nos voltamos para nós mesmas, para quem nós somos e o porquê de estarmos aqui."
Marie-Philip Poulin, capitã da seleção canadense, após o jogo, para o canal de TV TSN
Uma vitória em uma eletrizante final que deixa uma pergunta: seria este título canadense um prenúncio do torneio feminino de hóquei no gelo nos Jogos Beijing 2022?
Finlândia terminou em terceiro
Primeira seleção europeia finalista em um mundial - na edição de 2019 em que acabou sendo a vice-campeã - desta vez as finlandesas terminaram na terceira colocação após vitória sobre a Suíça. Era o segundo jogo entre as duas seleções no torneio. No jogo válido pela primeira fase, sonora goleada da Finlândia por seis a zero, com três gols de Petra Nieminen (FIN) em pouco menos de seis minutos.
Na disputa pelo bronze, uma partida bem diferente, com certo equilíbrio. Apesar da derrota nas semifinais para as canadenses, sobrava confiança para as suíças após terem vencido a ROC de virada por três a dois na prorrogação, nas quartas de final. No entanto, foram dois gols nas partes iniciais do primeiro e segundo período que colocaram a Finlândia em vantagem e deram a tranquilidade para administrarem o resultado. As suíças reduziram com Lara Stalder (SUI) antes dos cinco minutos do segundo período, mas de novo ela, Petra Nieminen (FIN), com oportunismo entre a última defensora e a goleira, desviou um disparo anotando o terceiro gol para o seu país e, assim, colocando números finais ao jogo.
Finlândia em terceiro. Suíça em quarto. Com a vitória, as finlandesas obtiveram pela 13ª vez a medalha de bronze em um mundial, além de serem as atuais também medalhistas de bronze nos Jogos Olímpicos.
"Estou orgulhosa. Mais uma vez, (a goleira Anni) Keisala fez um grande jogo. Obviamente jogamos bem. Foi bom ver Tanja e Ella marcarem gols hoje."
-Jenni Hiirikoski, capitã da seleção finlandesa, após a vitória sobre a Suíça, para o site da Federação Internacional de Hóquei no Gelo (IIHF)
Mélodie Daoust escolhida a atleta do torneio
A atacante canadense de 29 anos foi escolhida como a atleta do torneio, em outras palavras, a "MVP" (sigla para most valuable player, em inglês) da competição.
Medalhista de ouro nos Jogos de Sochi 2014, prata em PyeongChang 2018, quando foi prata, sofreu ao logo da carreira várias lesões que fizeram-na ficar de fora de vários torneios. Fez a estreia em mundiais apenas em 2019, quando conquistou o bronze.
Mélodie Daoust foi protagonista desta seleção canadense que conquistou o título em Calgary. Foi escolhida também como a melhor atacante deste mundial, em que terminou artilheira, ao lado de Petra Nieminen (FIN), com seis gols.
Torneio feminino de hóquei no gelo em Beijing 2022
O torneio feminino de hóquei no gelo nos Jogos Olímpicos Beijing 2022 acontecerá entre 11 e 17 de fevereiro de 2022.
Serão 10 equipes nos Jogos. Sete já estão classificadas: Canadá, Estados Unidos, Finlândia, ROC, Suíça e Japão (melhores colocadas no ranking da Federação Internacional de Hóquei no Gelo), além da seleção anfitriã, a China.
Restam ainda três vagas, que serão preenchidas com os vencedores de três torneios Pré-Olímpicos (com quatro equipes cada) a serem disputados no próximo mês de novembro.