Campeonato Brasileiro de Remo Costal 2024: veja campeões da primeira edição do evento
Modalidade estreia no Programa Olímpico em LA28. Torneio reuniu mais de 200 remadores e serviu de preparação para o Mundial 2025, que acontecerá em outubro, no Rio de Janeiro.
Foi disputada no fim de semana de 6 a 8 de dezembro (sexta-feira, sábado e domingo) na praia de Jurerê Internacional, em Santa Catarina, a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Remo Costal. A modalidade foi incluída no Programa dos Jogos e fará a sua estreia em LA28. Kissya Cataldo foi a campeã no feminino e David Farias de Souza venceu entre os homens. No double skiff misto, título para David Farias de Souza e Isabelle Falck.
O torneio reuniu 214 atletas nas categorias júnior, adulta e master. As provas do remo costal têm largada e chegada na areia. Os remadores correm 50 metros em direção aos barcos, que ficam à beira da praia. Na ida, os competidores fazem um trajeto em formato de slalom, contornam boia localizada a 250 metros da costa e voltam para a terra firme em linha reta. Ao voltar para a areia, o atleta corre até o ponto de onde partiu. Quem chegar primeiro, vence. Estão nos barcos as principais diferenças entre o remo costal e o remo tradicional. No costal eles são menores e robustos a fim de facilitar o escoamento da água.
A competição em Florianópilis contou com remadores que disputaram a modalidade nos Jogos Sul-Americanos de Praia Santa Marta 2023, na Colômbia, como Vangelys Pereira e Bárbara Ferreira, medalhistas de bronze naquela ocasião. Ademais, atletas com forte conexão com a versão tradicional do remo, que inclusive estiveram em Jogos, também competiram em Jurerê Internacional.
Em águas catarinenses, o Campeonato Brasileiro de Remo Costal 2024, primeiro desta nova disciplina do Programa Olímpico, serviu de preparação para o Mundial 2025, que será no Brasil. Saiba mais abaixo.
Os campeões no feminino, masculino e duplas mistas
No terceiro dia do evento, o domingo (8), foram conhecidos todos os campeões do Brasileiro de Remo Costal 2024. No feminino, Kissya Cataldo (atleta que disputou a versão tradicional do remo em Londres 2012), do Botafogo, ficou com o título. Já no masculino, David Farias de Souza, do Flamengo, terminou em primeiro. David ainda voltaria ao pódio com novo ouro, desta vez em dupla com sua noiva, Isabelle Falck, no double skiff misto. Serão inclusive esses três eventos (feminino, masculino e double skiff misto) que serão disputados em LA28.
"Missão cumprida. Esse era o objetivo desde o início do ano quando saiu o calendário. Meu foco era esse brasileiro e conseguimos concluir com duas medalhas de ouro. Ano que vem teremos a oportunidade de competir contra adversários internacionais. Isso vai ser muito bom para chegar bem no Mundial. É ir melhorando os detalhes para chegar no grande objetivos que são os Jogos Olímpicos”, projetou David Farias para o Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Campeonato Mundial de Remo Costal 2025 será no Rio de Janeiro
O Mundial mencionado por David trata-se do Campeonato Mundial de Remo Costal 2025, confirmado para o Rio de Janeiro, na praia do Flamengo, entre 23 e 26 de outubro. Será a primeira competição internacional da disciplina após o anúncio da sua inclusão no Programa Olímpico, que aconteceu no final de 2023.
O sistema de classificação Olímpica do remo costal ainda não foi definido, bem como o número de cotas disponíveis. De acordo com o Comitê Olímpico do Brasil, o Mundial de 2027 fará parte dele, além das seletivas de cada continente.
"Trazer esse evento para o Brasil, o primeiro campeonato mundial depois do anúncio do remo costal nos Jogos Olímpicos, é um grande feito. É uma modalidade bem dinâmica, que o público pode acompanhar de perto, torcendo pelos atletas. Isso traz uma animação muito grande. Queremos levar uma equipe forte para Los Angeles e, quem sabe, trazer uma medalha para o Brasil”, disse Magali Moreira, que preside a Confederação Brasileira de Remo (CBR).
“O Brasil, pela sua geografia e pela característica de seus atletas, com uma população muito variada, tem alto potencial no remo costal. Para mim, essa nova modalidade olímpica pode trazer muitas boas oportunidades o Brasil e seus atletas. Eles possuem características físicas para fazer bem essa nova disciplina", comentou o técnico italiano Dario Fermminò, dono de títulos mundiais e europeus no remo costal. Ferminnò esteve em Florianópolis em trabalho para a formação de treinadores.
O compromisso de casal gaúcho com o remo e a sociedade
O primeiro Brasileiro de Remo Costal em Florianópolis contou com a participação do casal Evelen Cardoso e Piedro Tuchtenhagen, do Grêmio Náutico União (GNU), de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). A capital gaúcha foi atingida por fortes chuvas entre abril e maio, que causou um grande número de mortos e desaparecidos, além de milhares de desabrigados.
Centenas de pessoas se mobilizaram para ajudar as vítimas da catástrofe. Entre elas estavam Evelen e Piedro, que deixaram de lado a rotina de competições e treinamentos a fim de amenizar a situação dos atingidos pelas enchentes. Piedro inclusive abriu mão de disputar prova que distribuiu cotas para Paris 2024.
“Foi um momento bem difícil e preocupante, mas graças a Deus as coisas estão se acertando. Não tenho nem palavras para descrever tudo que passamos. A gente ajudava sem olhar quem era. Foi muito legal essa nossa mobilização. A gente deixou de treinar para ajudar quem não tinha casa e comida", comentou Evelen para o COB.
Meses depois, em outubro, o remo gaúcho e brasileiro foi abalado pelo acidente automobilístico que vitimou sete atletas e o treinador da equipe "Remar para o Futuro", de Pelotas. Evelen e Piedro, pelotenses, surgiram para o esporte neste mesmo projeto, que era liderado por Oguener Tissot, treinador que faleceu no acidente. O casal resolveu retornar à cidade natal para dar continuidade à inciativa.
“Falando em reconstrução, eu, sinceramente, estava pensando em parar de remar e arrumar uma outra ocupação. Isso acontece e desestabiliza um pouco. Mas, eu e o Piedro decidimos voltar para Pelotas para continuar no projeto, dar apoio a esses jovens e passar um pouquinho do que o Oguener nos ensinou. Essa volta está sendo muito importante para gente, é um propósito de vida continuar o seu legado e ajudar a todos”, acrescentou Evelen para o COB.