Bruna de Paula: dos campos de café a estrela mundial do handebol nos Jogos Pan-Americanos 2023

Paris 2024

Atualmente no Györ, da Hungria, atleta passou seis temporadas na França, onde foi campeã pelo Metz. Pela seleção brasileira, e peça fundamental do time que busca heptacampeonato consecutivo em Jogos Pan-Americanos e vaga Olímpica.

3 minPor Virgílio Franceschi Neto
Bruna de Paula em ação durante os Jogos Pan-Americanos Santiago 2023.
(Manuel Lema/Santiago 2023 via PHOTOSPORT)

A seleção brasileira feminina de handebol venceu o Paraguai por 27 a 15, na estreia dos Jogos Pan-Americanos 2023, na terça-feira (24 de outubro). Na quarta-feira (25 de outubro), outro triunfo, desta vez em cima do Uruguai, por 28 a 9. Dois importantes passos no torneio, cuja equipe campeã obtém uma vaga em Paris 2024.

Seis dos gols nos dois jogos foram de Bruna de Paula, armadora de 27 anos com consolidada carreira na elite dos campeonatos europeus de clubes e na seleção brasileira, peça-chave de um time que busca o heptacampeonato consecutivo no Pan.

É através dos arremessos certeiros de Bruna que a fria e alta Campestre - sua cidade natal -, no sul de Minas Gerais, é reconhecida internacionalmente. Sua glória nas quadras é resultado de muito esforço de toda uma vida, que vão além dos treinos, passando pelos campos que um dia também fizeram Campestre ser projetada pelo mundo: os de café.

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Bruna de Paula ajudou a mãe na colheita do café, vendeu picolé e trabalhou em mecânica

De origens humildes, trabalhou quando criança para ajudar no sustento da família. Vendeu picolé nas ruas da sua cidade e foi auxiliar de oficina mecânica. Não poupou esforços para ajudar sua mãe, Marinalva, passando também a acompanhá-la na colheita do café. Enfrentava o frio da manhã e longas jornadas de trabalho.

Com suas mãos, ajudava em casa. Nas suas mãos, descobriu o talento. Conciliando a rotina do trabalho com a escola, conheceu o esporte. Fez parte da equipe da cidade e não pensou duas vezes quando teve a chance de sair de Campestre para se dedicar ao esporte.

O handebol no Brasil não proporciona tantas oportunidades profissionais. No entanto, perto das adversidades que Bruna passou, isso estava longe de demovê-la.

A trajetória de Bruna de Paula no handebol

Rápida e dona de uma grande impulsão, a armadora não demorou para se destacar na equipe de São José dos Campos. Do Vale do Paraíba, recebeu uma oferta do Fleury Loiret (França) em 2016. Em sua primeira temporada na Europa, foi eleita a melhor atleta estrangeira. Anos mais tarde, entre 2019 e 2020, pelo Nantes, foi escolhida como MVP (most valuable player - melhor jogadora), com 68 gols.

Em 2021, seu desempenho a levou ser considerada atleta destaque do quadrangular final da Liga Europeia, pelo Metz, seu último clube na França, com quem conquistou o campeonato nacional, em abril.

"Obrigada a todos os torcedores, obrigada ao clube e às minhas companheiras. Vamos viver essa aventura até o fim", postou Bruna de Paula em suas redes, ao se despedir do Metz.

Na metade de 2023 ela se mudou para a Hungria, para defender o Györ, onde veste a camisa 10. Já fez 10 gols pelo clube na atual temporada da Liga dos Campeões da Europa.

Escolhida pelo Comitê Olímpico do Brasil como atleta do ano 2022 no handebol, soma 50 jogos e 141 gols pela seleção brasileira. Campeã do Pan 2019, em Santiago, vai em busca não apenas do heptacampeonato da equipe, mas seu segundo ouro consecutivo e a vaga Olímpica. Em suas redes, resumiu: "É sempre uma honra e um orgulho vestir a camisa da seleção brasileira."

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