Bruna Alexandre integra trio que mostra que ‘tudo é possível’ no tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Paris 2024
Quando Bruna Alexandre competir na classe 10 do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, ela reencontrará duas colegas que compartilham a mesma vivência e objetivo. Ou seja, mostrar que não há limites que separam os atletas Olímpicos e Paralímpicos. A Cerimônia de Abertura do evento ocorre nesta quarta-feira, 28 de agosto.
Menos de um mês depois de integrar a equipe feminina do Brasil no tênis de mesa dos Jogos Olímpicos, Bruna volta à mesa agora para buscar o pódio Paralímpico. Uma situação que duas de suas rivais na capital francesa também já experimentaram: a polonesa Natalia Partyka e a australiana Melissa Tapper.
É a primeira vez que uma categoria do tênis de mesa Paralímpico tem três atletas Olímpicas. Natalia é a mais conhecida: tetracampeã Paralímpica entre Atenas 2004 e Rio 2016 e mais quatro participações Olímpicas entre Beijing 2008 e Tóquio 2020. Melissa tem uma prata Paralímpica por equipes e competiu pela equipe Olímpica da Austrália no Rio 2016, Tóquio 2020 e Paris 2024.
“É bonito de ver o que um atleta Paralímpico pode fazer como um atleta Olímpico, mostrar que tudo é possível. E fico muito feliz de ver que o tênis de mesa está conseguindo fazer isso. Natalia, Melissa e quem sabe a gente tenha muito mais atletas e um dia isso ser algo normal no mundo”, explicou a brasileira.
As três se conhecem há algum tempo e demonstram respeito mútuo. Bruna, por exemplo, é amiga de Melissa e sempre estão próximas nas competições. Já a relação com Natalia Partyka é diferente. A polonesa foi a inspiração para a atleta do Brasil seguir sua caminhada Paralímpica ao mesmo tempo que treinava na modalidade Olímpica.
“Eu conheci a Natalia pelos vídeos no YouTube. Ela sempre me inspirou e eu tinha um sonho de tentar ganhar dela. Quando a vi nos Jogos Olímpicos, falei ‘nossa, vai ser difícil’. Perdi umas oito vezes e ano passado foi a primeira vez que ganhei dela no Aberto da Itália. Ela sempre foi minha ídola”, prossegue.
Ter três competidoras na mesma classe nos Jogos Paralímpicos Paris 2024 com experiências Olímpicas realmente pode significar um divisor de águas para os portadores de deficiência. Afinal, é possível treinar e competir em situação de igualdade com alguns dos melhores atletas Olímpicos de suas modalidades.
“Acho que é muito esforço e muita adaptação quando você treina com um atleta Olímpico. Foi isso que a Natalia e a Melissa fizeram – e eu fiz também. Começar no esporte Olímpico ajudou a gente. E tentar se esforçar cada vez mais para conseguir jogar de igual para igual tanto no Olímpico quanto no Paralímpico”.
Experiência Olímpica foi ‘boa’, mas Bruna Alexandre sonha com mais
Bruna Alexandre competiu nos Jogos Olímpicos Paris 2024 ao lado das irmãs Bruna e Giulia Takahashi na disputa por equipes. Juntas, elas não conseguiram evitar a derrota logo na primeira rodada para a República da Coreia – que conquistaria a medalha de bronze. Mesmo assim, a experiência foi positiva para a atleta.
“Foi meu primeiro Jogos Olímpicos e foi uma experiência muito boa estar junto aos melhores atletas do mundo, ver a China jogar, o Japão, a República da Coreia”, explicou.
A principal dificuldade foi justamente adaptar seu equilíbrio ao estilo e velocidade do jogo na categoria Olímpica, diferente da que ela encara nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. “Na minha classe são pessoas que não tem um braço, então têm um pouco de dificuldade no equilíbrio. Nos Jogos Olímpicos, as meninas não têm essa dificuldade. Mas eu tento me adaptar para jogar no Olímpico e isso também me ajuda no Paralímpico”, continuou.
Mas qual delas Bruna Alexandre gostou mais de participar?
“É diferente (risos). Nos Jogos Olímpicos a concorrência é tão grande e o nível é forte, mas ao mesmo tempo sonho muito em ser medalhista Paralímpica. Os Jogos Paralímpicos me motivam muito. Mostrar que uma pessoa com deficiência consegue tudo, isso me motiva, e não apenas pensando no esporte, mas na inclusão em meu país e no mundo”.
Bruna em Paris: mais de um mês na França e treinos em Troyes
Ficar mais de um mês na França pode ser um sonho para a maioria dos turistas, mas para Bruna Alexandre foi sinônimo de treino, esforço e dedicação para fazer história. Primeiro como integrante da equipe feminina de tênis de mesa do Brasil nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Depois, como postulante à medalha nos Jogos Paralímpicos Paris 2024.
Ela desembarcou na capital francesa em 21 de julho para ficar na Vila Olímpica durante a disputa Olímpica do tênis de mesa. As brasileiras encerraram a participação em 8 de agosto e, de lá, ela foi para um hotel. No dia 10 de agosto, o Comitê Paralímpico Brasileiro a levou para Troyes, base de aclimatação da delegação nacional. Uma semana depois voltou a Paris, agora se preparando para a disputa Paralímpica.
“Estou tentando aproveitar o máximo possível. Tentei aproveitar o ginásio e a Vila durante os Jogos Olímpicos porque sabia que estaria aqui para os Jogos Paralímpicos”, afirmou. “Também consegui treinar na mesa dos Jogos Paralímpicos em Troyes, então está ajudando muito”, completou.
Mas será que não teve tempo nem de passear um pouco e aproveitar o único dia de folga que possuía, em 9 de agosto? “Eu passeei só um pouquinho. Fui na Torre Eiffel, passei pela cidade, o centro, e depois voltei para o hotel e no dia seguinte já estava em Troyes. Nem deu tempo de descansar”, brincou.
Bruna Alexandre pensa ‘aos pouquinhos’ nos Jogos Paralímpicos Paris 2024
Com 29 anos, Bruna Alexandre possui três medalhas Paralímpicas no currículo. Na edição do Rio 2016 ganhou dois bronzes: um na disputa individual da classe 10 e outro por equipes entre as classes 6-10. Depois, em Tóquio 2020, subiu mais um degrau no pódio ao conquistar a prata individual no C10.
Será que vem a inédita medalha dourada nos Jogos Paralímpicos Paris 2024? “Eu estou pensando nas quartas de final”, começou a atleta, para depois admitir. “Mas eu tenho o sonho de tentar a medalha de ouro”.
A cautela se faz necessária. Para disputar medalhas, é necessário chegar às semifinais – e Bruna Alexandre tem forte concorrência não apenas de Natalia Partyka e Melissa Tapper, como da também australiana Yang Qian, da turca Merve Demir e de Tian Shiau Wen, de Chinese Taipei.
“Eu quero pensar aos pouquinhos, pensar nas quartas de final do individual e tentar chegar também para o ouro e passar das quartas nas duplas mistas e feminina também”, concluiu Bruna, que fará dupla com Paulo Salmin no torneio misto.
Onde assistir aos Jogos Paralímpicos Paris 2024 no Brasil
No Brasil, é possível acompanhar a caminhada de Bruna Alexandre e toda delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos Paris 2024 pelo canal de YouTube do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) e Sportv2.
*Confira mais detalhes sobre as transmissões clicando aqui.