Beatriz Souza sobre o ouro nos Jogos Olímpicos Paris 2024: 'Uma vida por um dia'
Sexta-feira, 2 de agosto de 2024. Um dia para ficar na história do esporte brasileiro. A judoca Beatriz Souza conquistou para o Brasil a primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Paris 2024, na categoria acima dos 78kg. É a 27ª da modalidade na história do país nos Jogos, a quinta dourada.
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O topo do pódio acontece logo na primeira participação Olímpica desta paulista de Itariri, de 26 anos. Venceu seus cinco combates, bastante segura, com movimentos dosados no momento certo - que fizeram a diferença.
Começou bem, definindo sua estreia em 40 segundos sobre a nigaraguense Isayana Marenco. Na sequência, um contragolpe em Kim Hayun (KOR) no golden score, só confirmado após revisão do vídeo, deixou a torcida brasileira apreensiva. Depois, encarou a torcida contrária e passou pela número um do mundo, Romane Dicko (FRA). Na decisão, vitória sobre a número dois, Raz Hershko (ISR) e título Olímpico.
Uma vida por um dia. Muitos anos treinando, se sacrificando, se abdicando. Focada. Disciplinada para chegar hoje e realizar esse sonho.
Beatriz Souza para o Olympics.com, ao ser perguntada sobre o que significava ouvir que era medalhista de ouro.
Entre uma vitória e outra durante toda a sexta-feira, Beatriz sempre passava sozinha pela área da zona mista. O olhar sequer desviava. Mirava sempre em frente, com a cabeça erguida. Como quem sabia o que queria.
A competição é o meu parque de diversões, é quando eu mostro para o mundo o que eu gosto de fazer, então eu faço o meu máximo ali dentro.
Depois de ficar de fora de Tóquio 2020, a judoca encarou um ciclo Olímpico de altos e baixos como todo atleta. Entretanto, de maneira geral manteve-se no topo da modalidade. Para o Olympics.com, Bia considerou ter chegado a esse nível por haver assumido uma nova relação com o esporte que ama.
Eu faço o que amo e estou naquilo que amo. A partir do momento em que eu comecei a desfrutar do meu judô e a me divertir, sem me cobrar tanto e me questionar, fui percebendo que chegaria mais longe.
Ao olhar para a medalha, Beatriz refletiu sobre tudo o que passou e o que teve que enfrentar para chegar em 2 de agosto de 2024 com o ouro ao peito:
Essa medalha é superação de cada dia, superação de cada treino, de querer dar o melhor em cada treino. Representa a superação de tudo, que tudo é possível e basta a gente estar disposto a pagar o preço para fazer dar certo.
Rapidamente a saída da cerimônia de premiação, Bia respondeu sobre o que havia pensado e preparado na manhã desta sexta-feira, antes de sair para competir na arena do Campo de Marte:
Eu tinha falado antes, que mesmo se não viesse a medalha, todo mundo ia ver uma atleta guerreira que ia deixar tudo que tinha em cima do tatame. Hoje, além de deixar tudo que tinha, eu ganhei uma medalha. Eu dedico esta vitória ao meu marido, à minha família e aos meus amigos.
Adversárias comentam sobre Beatriz Souza
Durante a coletiva de imprensa, Romane Dicko (FRA) - medalhista de bronze - refletiu sobre o seu desempenho nos Jogos e acabou falando sobre Bia Souza, por quem foi derrotada na semifinal:
O judô é difícil, só uma pode ser a melhor e nossa categoria é muito difícil e só uma pode estar no topo. Hoje a Beatriz foi a melhor, mas ainda vamos lutar bastante. Hoje foi a Beatriz, mas quem sabe da outra vez será eu.
Já a israelense Raz Hershko, medalhista de prata, ao comentar sobre sua campanha assim se dirigiu para Beatriz, com olhar leve e um sorriso no rosto:
Todas nós queremos ganhar. Algumas vezes dá certo, outras não. Foi uma luta muito dura contra a Beatriz, mas fizemos o que amamos. Desta vez ela [Beatriz] ficou com o ouro, mas tudo bem. Somos amigas, acima de tudo. Parabéns.