Bruno Caboclo ainda sonha com NBA, mas agora busca medalha em Paris 2024
Bruno Caboclo é um jogador de basquete diferenciado. Atuando bem como ala-pivô e pivô, desde criança ele sonha em brilhar na NBA, mas ultimamente tem tido suas melhores atuações por clubes da Europa e do Brasil. Aliás, é pela Seleção Brasileira que o jogador tem se destacado. E é nos Jogos Olímpicos Paris 2024 onde Bruno Caboclo deseja entrar definitivamente para a história do esporte brasileiro.
Depois de uma ótima Copa do Mundo em 2023, onde o Brasil terminou em 13º lugar, mas quase obteve a vaga Olímpica, que enfim veio no Pré-Olímpico Riga 2024. Bruno Caboclo, novamente deu um show, com destaque para uma bola espetacular do meio da quadra ao fim do primeiro quarto. Nas quatro partidas, ele marcou uma média de 17.8 pontos e sete rebotes. Ao lado de Leo Mendl, ele foi escolhido para a seleção do torneio.
O Brasil estreia logo contra a França, que contará com a estrela Victor Wembanyama. “Estou empolgado. Nunca menosprezo nenhum jogador. Já joguei contra o Victor quando ele era mais novo na França. É um grande jogador. Não faço ideia do quanto ele está melhor atualmente. Vamos apenas jogar e fazer o nosso melhor”, contou o jogador à equipe de comunicação da Liga Nacional de Basquete (LNB). Assim como o Brasil venceu a Letônia na casa dos rivais para obter a cota aos Jogos Olímpicos, Bruno Caboclo espera manter o seu embalo e surpreender os donos da casa.
Em busca de um sonho
Bruno Correa Fernandes Caboclo nasceu em 21 de setembro de 1995, em Osasco. Sua infância foi passada entre Barueri e Pirapora do Bom Jesus, região metropolitana da capital. Ele iniciou o esporte apenas aos 13 anos, nas escolinhas do Barueri. Ficou lá quatro anos, até que foi chamado no começo de 2013 para as escolinhas do Pinheiros. Aos 18 anos, ele já se destacava pelo clube. Ele disse na época para o Bala na Cesta, do UOL, que o seu sonho era “ir pra NBA, é chegar o mais longe possível. NBA é meu sonho desde pequeno, desde que comecei a jogar. Eu sonho, sonho mesmo”.
Seu sonho se tornou realidade em 26 de junho de 2014. Ele foi escolhido pelo Toronto Raptors, sendo o 20º nome escolhido. Apesar de uma boa recepção, a realidade certamente foi muito diferente do que ele sonhou. Ainda muito novo, ele teve poucas chances pelo clube, passando a maior parte dos quatro anos atuando pela liga de desenvolvimento que as franquias mantêm, então chamada de D-League.
Na temporada 2016/17 da D-League ele auxiliou os Raptors 905 a conquistarem o título do torneio. Não foi somente a primeira vez que um brasileiro conseguiu tal feito, mas ele foi um dos principais jogadores do time naquela ocasião. Mesmo assim, ele não conseguiu espaço no time principal dos Raptors e foi negociado com o Sacramento Kings, onde ficou por apenas dez jogos.
Em paralelo, ele iniciou sua história com a seleção brasileira, mas com muitos percalços. A primeira convocação pela equipe nacional veio em 2017. Mas na disputa da Copa América, ele ficou chateado ao ser substituído ao fim do primeiro quarto e se recusou a voltar à quadra no segundo. Por isso, foi afastado por ato indisciplinar por tempo indeterminado.
Em 2019, após uma nova passagem na liga de desenvolvimento - agora chamada de G-League - ele voltou à NBA, onde teve uma boa atuação pelo Memphis Grizzlies. No entanto, acabou ficando pouco tempo e foi trocado, indo para o Houston Rockets. Além das poucas chances que teve, sua passagem ficou marcada por ele ter furado a bolha de covid-19 imposta pela NBA ao sair do hotel em que estava em maio de 2020.
Bruno Caboclo busca recomeço
Em 2021, ele saiu da NBA e estreou no basquete europeu, jogando pelo Limoges, clube da França. Depois de alguns meses, voltou ao Brasil já como um astro do basquete nacional. Bruno Caboclo foi peça-chave na temporada do São Paulo, levando o time às semifinais do NBB, onde foi eleito o MVP, e ao título da Champions League das Américas, a BCLA.
O sucesso o levou de volta para os EUA, mas por pouco tempo. Participou da Summer League 2022 da NBA pelo Utah Jazz e assinou com o Boston Celtics, onde ficou por menos de um mês. Após breve passagem pelo Capitanes de Ciudad de Mexico, time mexicano da NBA G League, voltou à Europa, onde foi campeão da Bundesliga pelo Ratiopharm Ulm.
Apesar de seu pedido de desculpas no dia seguinte ao episódio da Copa América, sua volta à Seleção Brasileira aconteceu apenas em 2019, para a Copa do Mundo. Ele foi um dos 12 convocados pelo técnico Aleksandar Petrovic
“Eu encaro esse retorno como se fosse minha primeira oportunidade na seleção. Na última passagem talvez eu tenha sido um pouco imaturo e não conto muito, mas isso é página virada na minha vida e daqui em diante vou sempre estar pronto para dar o melhor e ajudar o Brasil”, explicou ao site da CBB em 2019.
Ciclo Olímpico de destaque
Na Copa do Mundo de 2023, quando o Brasil quase obteve uma vaga aos Jogos Olímpicos, Bruno Caboclo foi o principal destaque do país, obtendo média de 16.4 pontos e 9.2 rebotes no torneio. Após grande destaque em quadra, que buscava manter a boa forma, mas seus meses seguintes foram mais marcados pelas polêmicas fora de quadra do que pela atuação dentro dela.
Antes da Copa, ele já havia assinado um contrato com o Umana Reyer Venezia. Mas o jogador mudou de ideia e Caboclo atuou com o Maccabi Ra'Anana, de Israel, em uma turnê nos EUA antes de assinar com o Partizan Belgrado da Sérvia. Disputando a EuroLeague ele foi um dos destaques , mas novamente atitudes fora da quadra chamaram a atenção. Ele viajou sem autorização antes de jogos importantes da Liga Sérvia.
De acordo com portais especializados em basquete, Bruno Caboclo jogaria a Summer League (Liga de Verão) da NBA após o pré-Olímpico pelo Chicago Bulls. O torneio aconteceu em meados do mês de julho e, portanto, a classificação da seleção para Paris 2024 teria alterado completamente os planos da estrela, que acabou não indo para os Estados Unidos.
O seu futuro ainda não está certo. Apesar dos problemas, o presidente do Partizan já declarou que espera seguir com o jogador. Há notícias que o ligam ao Barcelona, da Espanha. O que é mais fácil de prever é que seu desempenho em Paris 2024 pode influenciar bastante sua próxima temporada.