B-girl Vanessa empodera meninas e Portugal pelo breaking

Paris 2024

Destaque da cena europeia do esporte que estreia nos Jogos Olímpicos em Paris 2024, a portuguesa fala ao Olympics.com sobre sua plataforma de ensino para incentivar jovens garotas no breaking e relembra sua jornada de Leiria até a elite do esporte.

4 minPor Sheila Vieira e Lorena Encabo
Vanessa breaking
(Getty Images)

Quando a b-girl portuguesa Vanessa Marina começou a se dedicar ao breaking, há cerca de 11 anos, o caminho para a inclusão das mulheres no esporte ainda estava começando. Com toda a sua experiência, que inclui o bronze no Campeonato Europeu de 2022, ela continua competitiva, mas também se importa com quem está chegando.

“Gosto de mostrar o empoderamento feminino na comunidade do breaking, porque já passei por muitas situações, é uma jornada diferente da dos homens. Acho que é muito importante mostrar às garotas o valor delas”, disse Vanessa ao Olympics.com.

“Adoro conhecer novas garotas que entram na cena, que não sabem com quem falar, porque muitas vezes a pessoa para falar é um homem. Tento entender como é no país delas, o que pode ser feito naquele país. Se cada menina treinar e fazer [o breaking] crescer no seu país, ele vai se espalhar pelo mundo”, explicou a b-girl.

Vanessa criou a plataforma Time Your Workouts para ajudar garotas do breaking com uma rotina de exercícios físicos. Porém, sua intenção também é guiar as atletas para se fortalecerem mentalmente e verem outras possibilidades no esporte e no hip hop, como serem juízas ou DJs.

“Também queremos organizar eventos, painéis, criar um festival para garotas. Tenho muita motivação para fazer a diferença porque odeio injustiças. Odeio que achem que somos menos que outra pessoa. Somos iguais e quero mostrar ao mundo o que mulheres podem fazer”, afirmou a b-girl.

“É muito importante incluir as mulheres, porque trazemos algo diferente. Não estamos aqui para roubar o emprego de ninguém. Queremos acrescentar. É importante mostrar que há espaço para todos na cena.”
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Orgulho português

Natural de Leiria, Vanessa praticou balé clássico e contemporâneo na adolescência. Aos 18 anos, mudou-se para Lisboa para estudar na Escola Superior de Dança. Em seguida, foi a Londres, onde decidiu se dedicar totalmente ao breaking.

Para Vanessa, a possibilidade de representar Portugal em Paris 2024 é um sonho.

“Mostramos que é possível um país tão pequeno como o nosso estar presente na Europa e no resto do mundo. Conseguimos colocar nosso país no mapa e ser ouvidos. Não é porque somos pequenos que somos menos importantes”, comentou.

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Vanessa disse que “seria um grande feito” alguém acima dos 30 anos de idade, como ela, estar nos Jogos Olímpicos. É justamente a dúvida o fator que mais a motiva.

“Sou muito competitiva e se alguém pensar que não posso fazer algo, isso me motiva. Sou motivada pelo pensamento de ser mediana. Não quero ser apenas boa. Quero ser o melhor possível. Vim para o mundo para inspirar garotas para terem suas jornadas. É mais que breaking.”

Para a b-girl, o esporte ganhará muito reconhecimento e aceitação popular ao estar dentro dos Jogos, assim como aconteceu com o skate e o surfe.

“É muito importante para o breaking estar nos Jogos Olímpicos, porque pode ser que ainda haja uma conotação negativa ou um sentimento negativo sobre o esporte. É um esporte de jovens, de união, em que todos são bem-vindos. É uma cultura, um estilo de vida. Não para na dança, mas também é como você age, como come, como se veste e se movimenta. Isso é maior até que o hip hop. É o que vamos mostrar.”

‘Treine como atleta e dance como um artista’

Vanessa gosta de praticar ioga e alongamentos e recomenda refeições veganas, alimentação balanceada, idas à praia e banhos frios durante o preparo para uma competição.

“O mental no breaking é mais importante que o físico. Não é só treinar, fazer os movimentos e ir para casa. O psicológico, o ambiente, os fatores externos influenciam nossa dança e como nos sentimos. Temos que prestar atenção e ouvir o nosso corpo”, opinou.

Como balancear o lado esportivo com o lado artístico? Vanessa cunhou uma frase quase poética para explicar:

“Treine como um atleta e dance como um artista. É uma competição, mas acima de tudo é uma arte. É importante manter esse equilíbrio, porque nos expressamos pelo nosso corpo, assim como um pintor por uma tela.”
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