Anja Köhler quer ajudar a colocar a escalada esportiva no coração dos brasileiros

Na escalada esportiva, o conhecimento e o planejamento dos movimentos são vitais para o sucesso do atleta. Para a equipe brasileira, essa é a mesma lógica para garantir maior visibilidade ao esporte no país. Para isso, conta com o apoio de Anja Köhler, uma suíça-brasileira que já assumiu protagonismo na seleção nacional.

Aos 19 anos, ela é uma das principais atletas do Brasil na modalidade e estará presente na abertura da temporada da Copa do Mundo de Escalada Esportiva em Hachioji, no Japão, entre 21 e 23 de abril de 2023. Além dela, Bianca Castro, Felipe Ho e Rodrigo Hanada representam o país. A equipe também estará na segunda etapa em Seul, na República da Coreia, entre 28 e 30 de abril.

É o início da caminhada aos Jogos Olímpicos Paris 2024 para a escalada esportiva brasileira. Entretanto, mais do que sonhar com uma improvável vaga Olímpica, o principal objetivo de todos é aparecer para os torcedores. Por isso, o grande foco deste ano é garantir presença na disputa dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, a partir de 20 de outubro.

“É um evento grandioso, praticamente uma miniolimpíada, e ainda vai dar uma vaga em Paris 2024. Eu acredito que os Jogos Pan-Americanos podem tornar o nosso esporte mais popular”, afirma Anja Köhler com exclusividade ao Olympics.com.

Ela e seus companheiros de equipe precisam somar pontos no ranking internacional. O objetivo brasileiro é garantir a classificação máxima de três atletas por gênero na disputa combinada (boulder + lead) no Pan-Americano. Assim, quanto mais pontos somar nas etapas da Copa do Mundo, melhor. O ranking para convocação fecha no dia 12 de agosto de 2023.

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Anja Köhler: 'Paris 2024 é sonho, mas Los Angeles 2028 tenho mais chances'

Ainda que a disputa dos Jogos Pan-Americanos conceda uma vaga Olímpica em 2024, Anja Köhler e a equipe brasileira de escalada esportiva sabem que será muito difícil. São apenas 20 vagas por gênero na disputa combinada – e uma delas já reservada à França por ser país-sede. Ou seja, há poucas chances de classificação para um país que ainda dá seus primeiros passos no esporte.

“Participar dos Jogos Olímpicos é um dos meus maiores desejos, mas acho que Paris 2024 é mais um sonho do que um objetivo de verdade. Eu vou treinar o mais forte que puder e claro que ficarei feliz se classificar, mas acredito que terei mais chances em Los Angeles 2028”, admite a atleta brasileira.

Não por acaso a meta traçada pela equipe brasileira de escalada esportiva é participar também da Série Classificatória Olímpica, uma série de eventos que também vai reunir o BMX freestyle, o breaking e o skate para determinar as últimas vagas. A ideia é justamente mostrar que os representantes do Brasil seguem na luta pela vaga Olímpica.

“Eu quero estar na classificatória, pelo menos mostrar que ainda temos chance de conseguir a vaga para Paris”.

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Anja Köhler faz primeira temporada na escalada esportiva como brasileira

Filha de Philipp Köhler, que nasceu no Brasil e é filho de pais suíços e brasileiros, Anja Köhler nasceu e cresceu na Suíça. A possibilidade de representar o país natal de seu pai surgiu em 2022. Na ocasião, ela conheceu integrantes da equipe brasileira em Innsbruck, na Áustria, e passou a treinar com eles.

Assim, ficou sabendo do Campeonato Brasileiro, que seria realizado meses depois. “Eu poderia competir no torneio. Pensei, ‘por que não?’”, comentou. O que ela não esperava era ganhar as três provas realizadas: o boulder, o lead (guiada) e o combinado. “Isso abriu novas possibilidades para mim, de poder representar o Brasil em competições internacionais”.

A decisão foi tomada no fim de 2022, para alegria do pai brasileiro e apoio de familiares e amigos. “É uma chance única de competir em muitos países ao redor do mundo e, por outro lado, conhecer meu segundo país natal melhor. Quero saber mais sobre a cultura, aprender mais o português e ser uma boa atleta brasileira”.

Não que ela já não conhecesse o Brasil tão bem. Todos os anos viajava com a família para cá durante o Natal e Ano Novo para visitar seus parentes em Joinville, Santa Catarina, e conhecer pontos turísticos, como o Pantanal e a Amazônia. Sem falar, claro, no amor pela fauna, flora e gastronomia brasileira. “Tem um doce chamado quindim que eu ainda quero aprender a fazer aqui na Suíça”, brincou.

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Anja Köhler: 'Muita gente já sabe o que é o meu esporte'

A atleta brasileira começou a praticar a escalada esportiva aos seis anos. Na ocasião, seu irmão mais velho treinava em um ginásio perto de sua casa e ela ia com a mãe para buscá-lo. Enquanto esperava, resolvia brincar com as paredes menores até chamar a atenção do treinador, que a convidou a se juntar aos treinos.

“Para criança, a escalada esportiva é praticamente um grande playground”, resume. Mesmo assim, até os 12 anos, ela dividia a atenção do esporte com o squash, outra modalidade não-olímpica que praticava na infância. Até que optou por seguir apenas com escalada antes mesmo de se tornar uma modalidade Olímpica a partir de Tóquio 2020.

A inclusão do esporte no programa Olímpico, aliás, foi um divisor de águas em sua carreira. Não apenas por oferecer a ela a possibilidade de disputar os Jogos, mas também por tornar sua modalidade mais conhecida e apreciada entre os fãs de esporte.

“Ajudou muito o esporte a crescer. As pessoas passaram a conhecer a escalada esportiva. Antes, quando eu falava que praticava escalada, eles geralmente pensavam que eu subia em árvores e coisas do tipo. Hoje, muita gente já sabe o que a escalada é de verdade. E eu acho que vai melhorar ainda mais”.

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Escalada esportiva do Brasil traça planos para a temporada

Com Anja Köhler como destaque, a seleção brasileira de escalada esportiva já elaborou todo o planejamento para a temporada 2023. O objetivo é conseguir levar seis atletas (três em cada gênero) na disputa da prova combinada nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Neste evento, a meta é colocar pelo menos um atleta entre os cinco primeiros colocados em cada disputa.

Dessa forma, o país praticamente encaminharia sua vaga para competir na Série Classificatória Olímpica em 2024. Nos cálculos da equipe, é necessário colocar um atleta no Top 60 do ranking internacional para garantir a participação nesta competição.

Anja Köhler entre as mulheres e Felipe Ho no masculino são os atletas apontados com maior potencial de boa colocação no ranking internacional. Mesmo assim, cada um dos atletas convocados nesta temporada participará de, pelo menos, quatro etapas da Copa do Mundo para obter os pontos. Além dos quatro atletas presentes neste primeiro evento do ano, também foram convocados Mateus Belloto e Mariana Hanggi.