Ana Sátila chega em Paris 2024 para sua quarta edição de Jogos Olímpicos e três chances de medalha

Por Mateus Nagime
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Ana Sátila está há tanto tempo na elite da canoagem slalom que é difícil acreditar que ela tem apenas 28 anos. A caminho de seus quartos Jogos Olímpicos, ela foi a caçula da delegação na Londres 2012 e agora nos Jogos Olímpicos Paris 2024 busca se usar de sua experiência para conquistar uma medalha inédita para a canoagem slalom do Brasil.

A lista de conquistas de Ana Sátila é muito extensa: Campeã Mundial no caiaque cross em 2018, e outras duas medalhas no Mundial de 2017 (prata no cross e bronze no C1). Ela também tem seis medalhas nos Jogos Pan-Americanos, cinco delas de ouro. Foi ainda quatro vezes campeã mundial de base. Pódios em etapas de Copa do Mundo e torneio continentais então… mas uma conquista ainda a persegue: a medalha Olímpica, ainda inédita na canoagem slalom do Brasil.

Rumo a Paris 2024, uma boa notícia foi a inclusão da prova de caiaque cross, que faz sua estreia no programa Olímpico, que contará com a participação da brasileira, além das já tradicionais C1 e K1. Agora, o maior nome da canoagem slalom do Brasil terá três chances de medalhas.

Talento moldado pelos pais, Ana Sátila foi campeã brasileira aos 12 anos

Ana Sátila foi um dos talentos precoces que se desenvolveu principalmente por obstinação familiar. O pai, treinador de natação, levou cedo a menina para o esporte. A força dela nos braços ajudou primeiro na natação e depois na canoagem, principalmente na slalom.

Nascida em 13 de março de 1996 em Iturama, Minas Gerais, Ana Sátila Vieira Vargas foi apresentada ao esporte aos nove anos pelo pai, Cláudio Vargas, um construtor que também dava aula de natação em Primavera do Leste, Mato Grosso. Antes, já aos quatro anos, treinava boxe e natação, sempre por influência do pai e treinador.

Ao perceber que tinha um futuro no esporte, ela se mudou para Foz do Iguaçu para treinar com a seleção brasileira de canoagem. A mãe, Márcia Vieira, foi junto e foi contratada para trabalhar na pousada em que ficavam os atletas da seleção. A próxima da família a seguir foi Omira Estácia, irmã três anos mais nova, que também começou a praticar o esporte.

Com apenas 12 anos, Ana Sátila foi campeã brasileira e entrou de vez para o cenário do esporte brasileiro. Com apenas 15 anos, já auxiliada pelo técnico italiano Ettore Ivaldi, Ana Sátila venceu o K-1 no Pan-Americano de Canoagem Slalom, em Foz do Iguaçu, e se classificou para os Jogos, três anos antes de seu aniversário.

Trajetória Olímpica repleta de expectativas

Nos Jogos Olímpicos Londres 2012 ela era a caçula da delegação, com apenas 16 anos, quando ainda estava no segundo ano do Ensino Médio. Na ocasião, havia sido a primeira vez que viajou sem os pais para fora do país. Além disso, como relata matéria da Folha de São Paulo da época, foi a primeira vez que acompanhou os Jogos Olímpicos - já dentro deles. Sem grandes expectativas na primeira participação, ela ficou em 16º no K1 e quase avançou para a segunda rodada.

Porém, todos os olhos já estavam voltados para a Rio 2016. No Mundial Juvenil de 2012 ela ficou em 3º lugar no C1, e 12º no Mundial adulto. Em 2014, sagrou-se campeã mundial juvenil na Austrália, no K1, um feito inédito para o esporte. No C1 ela ficou em quarto lugar. No ano seguinte, ela foi vice-campeã mundial sub-23 - com apenas 19 anos.

A expectativa para os Jogos Olímpicos Rio 2016 era grande, mas ficou apenas em 17º lugar. Ainda assim, conseguiu terminar em quarto lugar no ranking da Copa do Mundo de caiaque daquela temporada. A boa fase em nível mundial continuou, com vários bons resultados. Tanto no sub-23 (vice em 2017 no K1 e título em 2019 no C1), quanto no adulto, como o bronze no C1 no Mundial de 2017, novamente um feito inédito para a canoagem slalom brasileira.

Também em 2017 estreou uma nova prova, o então caiaque cross, e Ana Sátila se destacou muito rápido. Foi vice-campeã mundial em 2017 e campeã mundial em 2018, primeiro no sub-23 e depois no adulto. Em 2019, foi bicampeã mundial na categoria juvenil.

Agora com três chances de medalha, Ana Sátila acompanha evolução da irmã no esporte

O retorno às competições depois da primeira onda de covid-19 foi muito bom para Ana, que venceu as provas de C1 nas etapas de Tacen e Pau nas Copas do Mundo e ela foi com boas expectativas para os Jogos Olímpicos. Em Tóquio 2020, ela foi a primeira atleta brasileira a chegar no Japão. No K1 ela terminou em 13º, mas no C1 ela conseguiu uma vaga na final, um feito inédito para a canoagem slalom feminina do Brasil.

Tendo se classificado em terceiro, a expectativa por uma medalha era grande. Mas a canoísta perdeu uma porta e terminou em décimo lugar. Porém, desde então ela continua entre as grandes do canoagem slalom. No Mundial de 22 ela ficou em quarto lugar no caiaque cross. Em 2023, ela foi mal no cross, mas terminou em quinto lugar no C1 e no K1, garantindo assim uma vaga Olímpica.

O ano de 2023 foi um ano especial para Ana, já que ela participou de suas grandes conquistas ao lado da irmã, tanto no Mundial quanto no Pan-Americano. Em Santiago 2023, Ana conquistou o ouro no C1 e no caiaque cross, enquanto Omira foi prata no K1.

Os resultados de Omira Estácio no Mundial até deram a oportunidade do Brasil levar duas atletas aos Jogos, mas como apenas uma atleta de cada Comitê Olímpico Nacional podia participar da prova, a decisão do Time Brasil foi de convocar Ana Sátila para todas as provas, em busca da medalha inédita para o esporte.

Mas ela não estará sozinha nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Quem também já se classificou é Lucas Verthein, do remo, seu namorado. As provas do remo acontecem simultaneamente às da canoagem slalom na mesma see, em Vaires-sur-Marne. Será que vem medalha em dose dupla?