O Japão é um país de boas lembranças para Ana Marcela Cunha. Foi lá que, em 2018, ela foi bronze nos 10km em águas abertas do Campeonato Pan-Pacífico, na capital do país, e, anos depois, faturou seu primeiro ouro Olímpico na mesma prova da modalidade**, que nos Jogos é conhecida como maratona aquática**, em Tóquio 2020.
Se a baiana vinha como grande favorita nos Jogos, desta vez a situação é um pouco diferente. Ela não só vem se recuperando de uma cirurgia no ombro esquerdo, lesionado desde o fim do ano passado, como também mudou de treinador após uma parceria de longa data.
Nesta sexta-feira, 13 de julho, a brasileira volta a competir no país nos 10km em águas abertas, mas desta vez pelo Mundial de Desportos Aquáticos de 2023. O palco não será Tóquio, mas Fukuoka, que fica no oeste japonês.
Embora a cidade não seja a mesma, o objetivo segue ligado aos Jogos Olímpicos: Ana Marcela precisa terminar entre as três primeiras colocadas para garantir presença em Paris 2024 - a vaga, nesse caso, é da atleta, não do país.
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"O ‘plano A’ é nadar para ganhar a prova, daí se vier a vitória nos 10km num Mundial será também a medalha que falta na minha coleção", comentou Ana Marcela Cunha ao site da Unisanta.
Lesão no ombro prejudicou fim de 2022
Além da vaga aos Jogos da capital francesa, Ana Marcela tenta conquistar o ouro nos 10km em águas abertas em Mundiais pela primeira vez - ela já venceu sete vezes na história da competição, mas na prova de 25km (2011, 2015, 2017, 2019 e 2022), que acabou retirada do Mundial, e 5km (2019 e 2022).
Embora tenha conquistado dois ouros e o bronze nos 10km do Mundial do ano passado, em Budapeste, a brasileira terminou a competição tendo constatada uma ruptura do tendão subescapular do ombro esquerdo.
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Ela ainda conseguiu confirmar o sexto título do Circuito Mundial de Águas Abertas, no começo de novembro de 2022, em Eilat (Israel), e operou ao final da temporada.
Bronze no retorno às competições
Cinco meses após a cirurgia, Ana Marcela retornou às competições com o bronze na prova de 10km do Circuito Mundial de Águas Abertas em Soma Bay, no Egito, a primeira da temporada 2023.
Nas águas do mar Vermelho, Ana Marcela fez um tempo de 2h04min11s. A alemã Leonie Beck ficou com o ouro (2h04min04s) e a prata (2h04min07s) foi para a neerlandesa Sharon van Rouwendaal, uma das principais rivais da brasileira - ela foi ouro nos 10km no Rio 2016 e prata em Tóquio 2020.
“Hoje o mais importante não era o pódio, mas toda vez eu nado pra ganhar. Pra mim foi importante essa prova, eu passei três meses sem nadar e isso me deu muita confiança e que estamos bem", comentou a brasileira após a prova.
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Para a prova de amanhã, às 8h locais de sábado (20h de sexta-feira em Brasília), a nadadora baiana já disse estar 100% recuperada e que irá à água sem dores:
"Não sinto nenhuma dor ou incômodo, e tenho feito ótimos treinos nos últimos dias."
Troca de treinador após dez anos
Em 25 de junho, faltando menos de 20 dias para o início do Mundial de Esportes Aquáticos, a assessoria de Ana Marcela Cunha soltou um comunicado anunciando o fim da parceria dela com o técnico Fernando Possenti, com quem trabalhou por cerca de dez anos.
Durante o período da parceria, iniciada em 2013, a baiana obteve seus principais resultados, entre eles o ouro em Tóquio e os seis títulos do Circuito Mundial de águas abertas, além do ouro nos 10km do Pan de Lima, em 2019 e das inúmeras conquistas nos Mundiais de Esportes Aquáticos.
"O Comitê Olímpico do Brasil (COB) informa que tomou conhecimento do fim da parceria entre Ana Marcela Cunha e o treinador Fernando Possenti. O COB seguirá dando o suporte necessário aos treinamentos da nadadora e apoio para que o técnico realize o trabalho que vem desenvolvendo com outros atletas da seleção de natação visando ao Mundial," disse uma nota divulgada pelo COB.
Ainda segundo o comunicado, Ana Marcela encerraria a preparação ao Mundial em Livigno, na Itália, para treinamento em altitude.
Menos de 48 horas depois, a equipe da nadadora baiana anunciou o início da parceria com o italiano Fabrizio Antonelli, um dos melhores de seu país.
Antonelli está à frente da equipe de Gregorio Paltrinieri, atual campeão mundial dos 10km das águas abertas e campeão olímpico dos 1500m livre em Toquio 2020. Em 2022, ele foi eleito o melhor técnico da Itália.
Enquanto uma união acabou, outra se concretizou. Ana Marcela se casou em abril deste ano com a preparadora física Juliana Melhem.
Participação em três provas
Além do evento de 10km, Ana Marcela vai nadar ainda as provas de 5km e revezamento 4x6km, na segunda-feira (17) e quarta-feira (19), respectivamente. Ambas começam a partir das 20h de sexta, horário de Brasília.
A outra representante do Brasil no feminino das águas abertas neste Mundial é Viviane Jungblut, que também fará as provas de 5 e 10km.
No masculino, os atletas serão Alexandre Alves Finco (10km), Bruce Hanson Almeida (5km), Diogo Villarinho (10km) e Thiago Ruffini (5km).
Mundial de Esportes Aquáticos 2023: programação das águas abertas
Programação no fuso horário de Brasília.
Sexta-feira, 14 de julho
20:00 – 10km feminino
Sábado, 15 de julho
20:00 – 10km masculino
Segunda-feira, 17 de julho
20:00 – 5km feminino
22:00 – 5km masculino
Quarta-feira, 19 de julho
20:00 – Revezamento misto por equipe 6km
Mundial de Esportes Aquáticos 2023: onde assistir
No Brasil, o Mundial de Esportes Aquáticos 2023 será transmitido pelos canais Sportv.