Alison dos Santos traça reta final de preparação e voltará a competir ainda em março

Por Leandro Stein
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Alison dos Santos, do Brasil
Foto por David Ramos/Getty Images

Alison dos Santos permanece como uma das principais esperanças de medalha do Brasil para os Jogos Olímpicos. O ganhador do bronze nos 400m com barreiras em Tóquio 2020 segue no grupo de candidatos ao pódio rumo a Paris 2024. Em sua reta final de preparação, Piu anunciou seu calendário de competições para os próximos meses.

O momento é importante para que Alison recupere seu melhor ritmo. O atleta teve resultados fantásticos em 2022, quando conquistou o ouro no Mundial de Atletismo e terminou também na primeira colocação da Liga Diamante. No entanto, Piu lesionou o joelho em fevereiro de 2023 e passou por cirurgia. Ficou afastado das competições durante cinco meses, até seu retorno às pistas em julho.

Alison voltará a correr em 30 de março, durante o Florida Relays, nos Estados Unidos. Piu não vai competir em sua especialidade, os 400m com barreiras. Focará nos 400m rasos e também no revezamento 4x400m. Atualmente, Piu treina no National Training Center, sediado na Flórida, o que contribui para sua presença no evento.

Em abril, Alison participará de outra competição do atletismo nos Estados Unidos, o Memorial Tom Jones. Participará das provas nos 400m rasos. Já a retomada da rotina nos 400m com barreiras se dará nas etapas da Liga Diamante.

Os eventos de Piu na Liga Diamante acontecerão a partir de maio: em Doha (10 de maio), Oslo (30 de maio) e Estocolmo (2 de junho). Um encontro com a sede Olímpica está marcado para 7 de julho, na etapa de Paris. Novos compromissos ocorrerão em Mônaco (12 de julho) e Londres (20 de julho), antes do início dos Jogos Olímpicos.

Os principais concorrentes de Alison dos Santos nos 400m com barreiras são velhos conhecidos: o norueguês Karsten Warholm e o americano Rai Benjamin, que completaram o pódio nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Já um oponente em ascensão é Kyron McMaster, das Ilhas Virgens Britânicas, que levou a prata no Mundial de Atletismo de 2023. Ele foi o quarto colocado na prova de Tóquio 2020.

Piu realiza preparação longa após lesão no joelho

Neste momento, o planejamento de Alison dos Santos mira nos Jogos Olímpicos. O medalhista de Tóquio 2020 atravessa uma preparação mais cautelosa, por conta da contusão sofrida no último ano. Piu lesionou o menisco lateral do joelho direito quando se alongava ao final de uma sessão de treinamentos, em São Paulo.

"O grande objetivo do ano, claro, são os Jogos Olímpicos. Ele fará algumas provas antes de Paris como preparação, algo que não foi possível na temporada passada por causa da lesão e é o que habitualmente fazemos", comentou Felipe de Siqueira, treinador de Alison, em entrevista à CBAt. "Estamos fazendo um período longo, mas necessário. Vamos iniciar com meetings aqui nos EUA para ir avaliando o treinamento e buscar ritmo de competição."

Alison retornou às competições no segundo semestre de 2023. Em agosto, o atleta participou do Mundial de Atletismo realizado em Budapeste, na Hungria. Terminou na quinta colocação dos 400m com barreiras, após bater em dois obstáculos, com o tempo de 48s10. Piu ainda é o detentor da melhor marca da história do Mundial de Atletismo, com os 46s29 registrados no título de 2022.

Já em outubro de 2023, Alison pediu dispensa dos Jogos Pan-Americanos de Santiago. A decisão, tomada por Piu e pelo técnico Felipe de Siqueira, foi tomada após avaliações realizadas em conjunto com o Laboratório Olímpico. O atleta não pôde defender seu título pan-americano, com o ouro faturado em Lima 2019.

Alison se concentrará durante as próximas semanas nos Estados Unidos, onde já vem treinando. Também passará por um tempo de atividades na Turquia, além das viagens às etapas da Liga Diamante.

"Temos tudo que precisamos no National Training Center, então vamos sair dos Estados Unidos apenas quando necessário, por curtos períodos para pequenos blocos de competições", revela Felipe de Siqueira. "Vamos fazer um camping de treinamento na Turquia, onde costumamos ir, antes de seguir para Paris."

Felipe de Siqueira ainda aponta que Alison poderá se somar aos esforços no revezamento 4x400m em Paris 2024: "O foco é o 400m com barreiras e, se a equipe se classificar para os Jogos Olímpicos no revezamento 4x400m e chegar à final em Paris, ele também estará à disposição."

Piu vem com mentalidade positiva para “literalmente viver a temporada”

Alison dos Santos teve um desafio também mental, e não apenas físico, ao sofrer a lesão logo após a melhor temporada de sua carreira. O trabalho psicológico foi importante na recuperação do medalhista em busca dos Jogos Olímpicos Paris 2024.

“No ano passado, quando eu me lesionei, nos primeiros dias eu literalmente não queria falar com ninguém, eu estava só fazendo o que eu podia fazer de treino e tentando manter a cabeça no lugar. Não conseguia nem estender a perna nos primeiros dias”, comentou Alison, em entrevista ao podcast dos Jogos Olímpicos, no último mês de fevereiro.

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“Depois que eu fiz a cirurgia, eu e meu treinador sentamos e falamos assim: ‘Vamos fazer as coisas como devem ser feitas.’ E nesse momento o psicológico é muito importante, porque chega a uma situação que vai além do físico. Entender que não importa o quão bem eu me preparei para competir na temporada passada, mas sim o quão bem eu estava com a minha cabeça.”

A lesão ocorrida durante o treinamento também influenciou a mentalidade de Alison dos Santos em seu processo de recuperação.

“Tem coisas que estão fora do seu controle. Eu não estava zoando, não estava fazendo nada, não estava nem correndo quando lesionei o joelho. Então você fala ‘era para acontecer’. Então é isso. Eu aprendi muito nesse momento, em como manter a cabeça no lugar.”

Superadas as dificuldades depois da cirurgia e do tempo longe das competições, Piu vem com um pensamento positivo rumo aos desafios de 2024. Quer aproveitar todas as competições, não só os Jogos Olímpicos.

“Eu gosto de números pares: 2022 foi um ano lindo para a gente, um ano mágico, e em 2024 eu quero o mesmo caminho. Estou literalmente entregando a minha vida, sendo consciente, fazendo tudo bonitinho, literalmente levando uma vida de atleta, fazendo tudo ao meu alcance para chegar naquele dia, antes da final, me sentindo leve e tranquilo.”

“Ter uma conversa comigo mesmo antes de entrar no bloco e falar assim: ‘Você fez tudo o que pôde, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance. Agora é só botar em prática todo aquele suor, aquelas lágrimas, todo aquele sangue derramado na pista e se divertir.’ Não só pensar nos Jogos Olímpicos, porque não é a única competição que vamos ter, teremos outras. Então, é aproveitar cada competição, aproveitar cada momento, viver literalmente o ano, não só passar por essa temporada. É literalmente viver essa temporada.”